quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Kurt Cobain: A Lenda que não morreu! 20ª Parte



CAIXÃO EM FORMA DE CORAÇÃO

Seattle, Washington,
Janeiro de 1993 - agosto de 1993

"I am buried in a heart-shaped coffin for weeks."
[Estou enterrado num caixão em forma de coração há semanas.]
Uma versão inicial de "Heart-Shaped Box".

FAZIA ALGUM TEMPO QUE O VERSO "eu me odeio e quero
morrer" vinha ocorrendo no repertório escrito e verbal de Kurt Cobain. Como
muitas de suas letras ou dos chistes que soltava nas entrevistas, o dito,
aténs de surgir publicamente, havia sido testado dezenas em seu diário. A
primeira vez que a frase apareceu em seus escritos foi por volta da metade
de 1992, em uma lista de dísticos rimados e, embora não propusesse uma
outra para rimar com ela, como um cientista que tropeça numa fórmula
inovadora, ele a pôs em circulação. Em meados de 1992, ele estava com
fixação na frase, dizendo aos entrevistadores e amigos que ele seria o título
de seu próximo disco.
Na melhor das hipóteses, era humor negro. O que não era piada
eram as expressões de autodesprezo que constantemente despontavam em
seus diários, entre elas um poema que soava parecido a uma pichação de
sua infância: "Odeio você. Odeio eles. Mas odeio mais a mim mesmo".
Em outra frase estilo Jack Kerouac desse período, ele escrevia
sobre sua dor de estômago como se fosse uma maldição: "Vomitei
violentamente a ponto de meu estômago literalmente virar do avesso e
mostrar os finos nervos capilares que eu mantivera e criara como filhos,
enfeitando e marinado cada um, como se Deus tivesse me fodido e plantado
esses pequenos ovos maternos como prostituta aliviada dos deveres do
reiterado estupro e tortura, promovido a um trabalho mais digno da
velha,simples, boa e saudável prostituição". A observação "como se Deus
tivesse me fodido" surgia freqüentemente e era evocada sem humor — era a
explicação de Kurt para seus problemas físicos e emocionais.
Somente depois que Krist o convenceu de que o Nirvana poderia
estar se expondo a processo com o titulo "Eu Me Odeio e Quero Morrer" é
que kurt Considerou outro Titulo. Ele passou por vários, primeiro por
"Verse, Chorus, Verse" ["Verso, Estribilho, Verso"] e, então, finalmente, por
"In utero", que era de um poema de Courtney.
Muitas das canções que Kurt compusera em 1992 tinha a
influência de seu casamento. "We feed off each other" ["Nutrimo-nos
mutuamente"], escreveu ele em "Milk It ["Ordenhe-o"], uma expressão que
resumia a união criativa e emocional entre os dois. Como é comum no
casamento de dois artistas, eles começaram a pensar parecido, compartilhar
um diário: Kurt escrevia uma linha á qual Courtney acrescentava um
dístico. Ele lia os escritos dela e ela os seus, e um era influenciado pelos
devaneios do outro.
Courtney era uma letrista mais convencional, elaborando versos
mais rígidos e menos obscuros, e sua sensibilidade, em grande parte, definiu
"Heart-Shaped Box" e "Pennyroyal Tea", entra outras. Ela fez de Kurt um
compositor mais cuidadoso e não é por acaso que essas duas músicas estão
entre os trabalhos mais bem realizados do nirvana: foram elaboradas com
mais propósito do que o pretendido por kurt em todo o disco Nevermind.
Mas o papel maior de Courtney na novas canções de kUrt era como
personagem — tal como Nevermind era principalmente sobre Tobi, In Utero
seria moldado por Don, Courtney e Frances. è claro que "Heart-Shaped Box"
se referia ao presente inicial de Courtney para kurt, a caixa de seda-e-renda
mais o verso da canção, "forever in debt to you priceless aqdvice" ["sempre
em dívida para com seu inestimável conselho"], tinha origem em um bilhete
que ele enviou a ela. "Agradeço suas inestimáveis opiniões e conselho",
escreveu ele, soando mais sincero ao escrever do que ao cantar o verso. O
disco era seu presente para ela — ele estava devolvendo sua "Heart-Shaped
Box", embora numa forma musical.
Entretanto, não era um cartão do Dia dos Namorados do Hallmark:
"Heart-Shaped Ob evoluiu ao longo de várias versões e kurt o havia
intitulado originalmente "Heart-Shaped Coffin" ["Caixão em Forma de
Coração"], incluindo o verso "I am buried in a heart-shaped coffin for weeks"
["Estou enterrado num caixão em forma de coração há semanas"]. Courtney
o alertou de que isso era um pouco lúgubre. No entanto, na relação entre
eles cada um instigava o outro a expandir os limites e o risco artístico dessas
novas canções era uma questão de orgulho — tanto para ela como para ele.
Antes de entrar no estúdio, Kurt tinha uma lista de dezoito
canções que estava considerando — doze da lista acabariam ficando no disco
pronto, mas com os títulos consideravelmente alterados. A canção que
terminou sendo chamada "Radio Friendly Unit Shifter" ["Comutador de
Unidades Amigáveis ao Rádio" começou como "Nine Mounth Media Blackout"
["Apagão de Nove Meses da Mídia"], a resposta não muito velada de kurt á
matéria da Vanity Fair. "All Apologies" era originalmente intitulada" La, La,
La... La", ao passo que "Moist Vagina" [Vagina Molhada"], um lado B,
começara com um titulo muito mais longo e mais descritivo: "Moist Vagina,
and then she blew him like he's never been blown, brains stuck all over the
wall ["Vagina molhada e então ela o detonou como nunca antes ele havia
sido detonado, o cérebro espalhado por toda a parede"]. A banda voou para
Minnesota no Dia dos Namorados para começar a gravar o disco.
Em busca de um som magro e cru, havia contratado Steve Albini
para a produção — Kurt pretendia se afastar o máximo que pudesse de
Nevermind. Albini tinha participado da influente banda punk Big Black e,
em 1987, Kurt viajara até uma usina térmica de Seattle para presenciar a
última apresentação do Big Black.
Como adolescente, Kurt idolatrara Albini, mas, como adulto, na
melhor das hipóteses, era uma relação de trabalho. Albini se deu bem com o
resto da banda, mas depois descreveu Courtney como uma "serpente
psicótica". Ela contra-atacou dizendo que o único jeito de ele achá-la
atraente seria " se eu fosse da Costa Leste, tocasse violoncelo, tivesse peitos
grandes e pequenos brincos de argola, usasse cacharrel preta, tivesse toda a
bagagem combinando e nunca dissesse uma palavra".
A Gold mountain havia escolhido o Pachyderm Studios em Cannon
Falls, Minnesota, achando que a zona rural minimizaria as distrações. Foi o
que aconteceu: no sexto dia de gravação — 20 de fevereiro, 26º aniversário
de Kurt — a banda havia concluído todas as trilhas básicas. Quando não
estavam trabalhando, faziam ligações em telefone de manivela para Eddie
Vedder e viajavam até Minneapolis, a uma hora de distância. Ali, Kurt
pesquisou o Mall of America em busca de modelos anatômicos de plástico de
The Visible Man, sua mais recente obsessão de colecionador. Quando o disco
estava concluído, apenas doze dias depois de começarem, a banda
comemorou ateando fogo ás calças. "Estávamos ouvindo a mixagem final",
explica Pat Whalen, um amigo que passou por lá. "Todos derramaram
solvente em suas respectivas calças, atearam fogo e depois iam passando a
chama de uma perna para a outra e de uma pessoa para a seguinte."
Eles estavam dentro das calças quando fizeram isto; para evitar
queimaduras, cada um tinha de despejar cerveja na perna do outro no
momento em que as chamas eclodiam em suas pernas.
O disco pronto havia sido gravado na metade do tempo gasto por
Nevermind."As coisas estavam na ascendente", lembra Krist. "Deixamos do
lado de fora da porta tudo o que era pessoal. E foi um triunfo — é o meu
disco favorito do Nirvana." O ponto de vista de Novoselic foi compartilhado
por muitos críticos e por Kurt, que o considerou seu trabalho mais forte.
A principio, Kurt considerava "Pennyroyal Tea" o primeiro single:
ele combinava um tema de tipo Beatles com a cadência lenta/rápida do
Nirvana aperfeiçoada. O titulo se referia a um abortivo á base de ervas.
Embora a letra de Courtney tivesse configurado a melodia, a canção
terminava com uma descrição não ficcional do estômago de kurt: "I'm on
warm milk and laxatives, cherry-flavored antacids" ["Estou ligado em leite
morno e laxantes, antiácido sabor cereja"] In Utero também tinha uma série
de vários rocks de andamento rápido, mas mesmo esses possuíam
profundidade lírica. "Very Ape" e "Radio Friendly Unit Shifter" tinham o tipo
de frases rítmicas dramáticas tocadas durante o intervalo de três segundos
de uma partida de basquete, mas suas letras eram rebuscadas o bastante
para inspirar trabalhos de fim de curso e debates pela internet. "Milk It" era
um grafite multicolorido do punk rock que a banda havia produzido em um
único fôlego, embora Kurt passasse dias refinado a letra. "her milk is my
shit/ My shit s her milk" ["O leite dela é minha droga/ Minha droga é o leite
dela"] era seu modo enviesado de conectar-se com sua mulher. A canção
também sugeria sua reabilitação das drogas (your scent is still here in my
place of recorey" ["seu cheiro ainda está aqui neste local de recuperação"]),
além de reprisar um verso que ele vinha passando de um canção para outra
desde o colegial: "Look, on the Bright side is suicide" ["Olhe, no lado bom
está o suicídio"]. Sobre "Dumb", em suas anotações não utilizadas para o
encarte, ele descrevia sua descida ao vicio das drogas: "Toda aquela
maconha. Toda aquela maconha supostamente não viciante. inofensiva,
segura, que danifico meu sistema nervoso e arruinou minha memória e me
deixou com vontade de explodir o baile de formatura. Ela nunca era forte o
bastante, por isso subi a escada até a papoula". Mas nenhuma canção no
disco se comparava a "Heart-Shaped Box". "I wish I could eat your cancer
when you turn blac" ["Gostaria de poder comer seu câncer quando você ficar
preta"], cantava Kurt, no que talvez fosse a rota mais sinuosa que algum
compositor já empreendeu na história do pop para dizer "eu te amo". Com o
verso "Throw down your umbilical noose, so I can climb right back" ["Jogue
seu laço umbilical para que eu possa subir de volta imediatamente"], Kurt
terminava sua canção mais transcendental com uma súplica que poderia ser
para Courtney, para sua mãe, de sua filha, dele mesmo o, talvez o mais
provável, para o seu Deus. Sua própria explicação nas anotações inéditas do
encarte se desintegrava totalmente (ele riscou a maior parte), mas
mencionava O mágico de Oz, "I Claudius", Leonardo da Vinci, cavalosmarinhos
machos (que parem seus filhotes), racismo no velho oeste e
Camille Paglia. Como toda grande arte, "Heart-Shaped Box" escapava a
qualquer classificação fácil e oferecia ao ouvinte múltiplas interpretações,
como aparentemente o fazia a seu autor.
O que "Heart-Shaped Box" significava para Kurt transparece no
tratamento que deu ao que escreveu para o vídeo da canção. Kurt o
imaginava estrelado por William S. Burrougs, e escreveu para Burroughs
pedindo-lhe que participasse do vídeo. "Imagino que as reportagens na
imprensa relativas ao meu consumo de drogas possam levá-lo a pensar que
este pedido deriva de um desejo de equiparar nossas vidas", escreveu ele.
"Garanto-lhe que não se trata disso." Mas o que exatamente Kurt esperava
alcançar ao escalar o escritor participar, ele havia proposto obscurecer o
rosto do escritor, de sorte que ninguém além de Kurt saberia quem era o
figurante. Burroughs recusou o convite.
Tanto o disco In Utero como o vídeo "Heart-Shaped Box" eram
obcecados por imagens de nascimento, morte, sexualidade, doença e vicio.
Várias versões do vídeo foram feitas e uma disputa em torno de quem era o
autor das idéias acabou levando Kurt a romper com o diretor do vídeo Kevin
Kerslake, que imediatamente processou Kurt e o Nirvana; Anton Corbijin
concluiu a edição final que incluía tomadas da crescente coleção de bonecas
de kurt.
O vídeo lançado girava em torno de um Jesus Cristo idoso com ar
de drogado, vestido como o papa, usando um barrete de Papai Noel e sendo
crucificado em um campo de papoulas. Um feto pende de uma árvore e
reaparece comprimido dentro de um frasco de soro, sendo injetado em
Jesus, que é transferido para um quarto de hospital. Krist, Dave e Kurt são
mostrados numa sala de hospital esperando Jesus se recuperar. Surge um
coração gigantesco com um diagrama de palavras cruzadas dentro dele e
também a menina ariana, cujo chapéu branco da Ku Klux Klan se torna
preto. E ao longo dessas imagens a face de kurt continua a atacar a câmera.
è um vídeo absolutamente impressionante, e mais ainda porque Kurt falou
reservadamente a seus amigos que muitas dessas imagens vinham de seus
sonhos.
Na primeira semana de março, Kurt e Courtney se mudaram para
uma casa de aluguel de 2 mil dólares mensais na avenida Lakeside, 11301,
nordeste em Seattle. Era uma casa moderna de três andares, logo acima do
lago Washington, com vista para o monte Rainier e para a serra Cascade.
Também era uma casa gigantesca e, com mais de 550 metros quadrados de
área habitável, era maior do que todas as casas anteriores de Kurt juntas.
Entretanto, os Cobain rapidamente encheram a casa — um
cômodo inteiro se tornou espaço para Kurt pintar, havia acomodações para
hóspedes e babás, e os prêmios da MTV decoravam o banheiro do segundo
andar. Na garagem para dois carros, ao lado do Valiant de Kurt, ele tinham
agora um Volvo cinza o carro mais seguro já fabricado para uma família.
Logo depois da mudança, o processo pendente de kurt e Courtney com o
Departamento de Assistência á infância finalmente chegou ao fim. Embora
os Cobain tivessem inicialmente cumprido as determinações do tribunal,
ainda receavam que Frances lhes fosse tirada. Mudar-se para Seattle foi
uma jogada estratégica na batalha — Courtney soube que a lei do Acordo
Interestadual impediria que o juiz de Los Angeles, chamada Mary Brown,
voou até Seattle no começo de março para observar Frances em sua nova
casa.
Quando ela recomendou ao município o encerramento do caso, seu
parecer acabou sendo aceito. "Kurt ficou em êxtase", lembra o advogado Neal
Hersh. no dia 25 de março, apenas uma semana depois de seu aniversário
de sete meses, Frances foi legalmente devolvida aos cuidados não
supervisionados de seus pais. A devolução da filha vinha acompanhada de
um preço: eles haviam gastado mais de 240 mil dólares em honorários
legais.
Frances havia ficado com os pai ao longo de toda a investigação,
embora Jamie ou Jackie tivessem estado In loco para satisfazer o tribunal.
Jackie havia sido uma salva-vidas como Babá, mas no inicio de 1993 ela
estava exausta. Ela apenas havia tirado uns poucos dia de licença de seu
posto, ainda que na nova casa tivesse conseguido instituir parâmetros mais
rígidos par suas obrigações: ela insistiu que, quando Frances acordasse
durante a noite, os pais cuidassem dela até as sete da manhã. Mas Farry
agora tinha de lidar com muitos telefonemas de gravadoras que Kurt queria
evitar; "As pessoas ligavam e diziam: "Você pode pedir para Kurt me ligar de
volt?a. E eu dizia:
"Eu dou o recado para ele", mas eu sabia que ele não iria retornar
as ligações. Kurt simplesmente não queria lidar com o que lhe estivesse
sendo imposto na vida. Ele só queria ficar com Courtney e não lidar com o
mundo". Farry anunciou que estaria saindo em abril.
Jackie entrevistou numerosas babás profissionais como potenciais
substitutas, mas estava claro que a maioria não conseguiria se ajustar ao
drama da casas dos Cobain. "Elas perguntavam: "Qual é o horário de
amamentação?" disse Fary. "Eu tinha de dizer a elas que as coisas não
funcionavam bem assim naquela casa." Por fim, Courtney decidiu contratar
Michael "Cali" deWitt, um ex-ajudante de excursão do Hole, de vinte anos de
idade, como o novo babá. Apesar de ser muito jovem Cali era excelente para
cuidar de Frances, que imediatamente se apegou a ele. Além dele, os Cobain
contrataram Ingrid Bernstein, mãe de Nils Bernstein, amigo do casal, para
um trabalho em regime de meio período.
Abril de 19936 foi um mês agitado, tanto para o Hole como para o
Nirvana. O Hole lançou "Beatiful Son", uma canção que Courtney compusera
sobre Kurt, e utilizou para a capa uma foto de infância. O Nirvana, enquanto
isso, viajou para o Cow Palace de San Francisco para fazer um show em
beneficio das vitimas de estupro na Bósnia, assunto de preocupação para
Novoselic, devido á sua herança étnica.
Era o primeiro espetáculo do Nirvana nos Estados unidos num
período de seis meses e eles o usaram para divulgar o disco que estava para
sair, tocando oito das doze canções de In Utero, muitas delas pela primeira
vez em concerto. Kurt decidiu sair de sua posição habitual no palco, á
esquerda, e passar para o lado direito — era como se ele estivesse tentando
reformular o show da banda. Isto funcionou e os fãs da pesada citaram este
como um dos melhores desempenhos da banda ao vivo.
Embora In Utero tivesse sido gravado, ainda estava aguardando
lançamento e em abril uma disputa em torno de sua produção deixou em
segundo plano tudo o mais que a banda fez naquela primavera. A banda
havia solicitado Albini porque queria um som mais cru, mas acharam suas
mixagens finais muito rígidas. Essa noticia chegou ao produtor, que, em
abril, falou para Greg Kot do Chicago Tribune, "Geffen e a administração do
Nirvana odiaram o disco [...] Eu não tenho nenhuma esperança de que ele
seja lançado". Kurt respondeu como seu próprio press-release: "Não houve
nenhuma pressão de nossa gravadora no sentido de alterar as faixas". Mas a
controvérsia continuou e Kurt fez a DGC publicar um anúncio de página
inteira na Billboard negando alegações de que o selo tivesse rejeitado o disco.
Apesar dos desmentidos, muitos na gravadoras julgaram a produção muito
crua e, em maio, Scott Litt foi contratado para tornar "Heart-Shaped Box" e
"All Apologies" mais adaptadas ao rádio. Uma vez mais, quando defrontado
por um problema que poderia prejudicar o sucesso de seu disco, Kurt
concordava com o caminho da menor resistência e da maior vendagem. Isso
não o impediu de continuar silenciosamente cozinhando em banho-maria.
Embora continuasse a dizer aos repórteres que ele era favorável ás
remixagens de Litt e que achava que Albini fizera um ótimo trabalho — duas
declarações contraditórias —, em seu diário ele traçava planos para lançar o
disco exatamente com ele queria. Ele lançaria primeiro a versão de Albini
como I Hate Myself and Want To Die, mas apenas em Vinil, cassete e fita de
oito faixas. A próxima fase de suas operações viria um mês depois. "Após
muitas resenhas e reportagens insatisfatórias sobre o lançamento sovina,
irredutível, em vinil, cassete e fita de oito faixas, lançamos a versão remixada
sob o titulo Verse, Chorus, Verse." Para isso, Kurt queria um adesivo que
dissesse: "Rádio-Friendly, Unit-Shifting, Compromise Version" ["Versão
Adaptada ao Rádio, Alterando unidades, Conciliatória"]. Como era de
esperar, A DGC se recusou a adotar os planos de Kurt. A versão remixada de
In Utero estava pronta para lançamento em setembro.
No primeiro domingo de maio, ás nove horas da noite, o centro de
serviços de emergência 911 de King County recebeu um informe da casa dos
Cobain sobre uma overdose de drogas. Quando a policia e um prontosocorro
chegaram, encontraram Kurt no sofá da sala de estar murmurando
a palavra "Hamlet". Ele estava sofrendo, segundo os policiais observaram, de
"sintomas associados a uma overdose de narcóticos [...] A vitima Cobain
estava consciente e capaz de responder a perguntas, mas está obviamente
debilitada".
Apenas poucos minutos antes da chegada da policia, Kurt havia
ficado azul e, uma vez mais, parecia estar morto. Courtney disse aos
policiais que Kurt havia estado na casa de um amigo onde "se injetara o
equivalente a trinta ou quarenta dólares de heroína". Voltara para casa
dirigindo e, quando Courtney o questionou por estar drogado, ele se trancou
em um quarto do andar de cima.
Courtney havia ameaçado ligar para a policia ou para a família dele
e, quando ele não respondeu, ela levou a cabo a segunda ameaça. Ela
conseguiu falar com Wendy na primeira chamada e a mãe e a irmã de Kurt
imediatamente entraram no carro e "disparamos até lá", conforme lembra
Kim.
Nas duas horas e meia de viagem entre Aberdeen e Seattle, a
condição de Kurt piorou. No momento em que Wendy e Kim chegaram, Kurt
estava vomitando e em estado de choque. Ele não queria que o 911 fosse
chamado, disse-lhes em sua voz inarticulada, porque "preferia morrer" do
que ler no jornal que ele tomara overdose ou fora preso. Courtney jogou água
fria em Kurt, andou com ele pela casa, deu-lhe Valium e, finalmente,
injetou-lhe Narcan, uma droga usada para neutralizar a heroína, mas nada
disso o reanimou inteiramente (um estoque de Narcan, também obtida
ilegalmente, era sempre mantido na casa para esta finalidade). Wendy tentou
esfregar as costas de Kurt — o jeito que ela usava para confortar o filho —,
mas a heroína deixava seus músculos mais rígidos do que um manequim de
gesso. "Foi horrível", lembrou Kim. "Finalmente tivemos de chamar os
paramédicos porque ele estava começando a ficar azul." Quando a policia
chegou, constataram que "sua condição deteriorara gradualmente até chegar
ao ponto em que ele estava tremendo, o rosto afogueado, delirando e falando
de modo incoerente".
Logo que Kurt entrou na ambulância, a crise parecia afastada. Kim
Acompanhou a ambulância até o harborview Hospital, onde os
acontecimentos dra uma guinada grotesca. "Lá ele ficou hilário", lembra ela.
"Ele estava deitado no corredor de um hospital lotado, tomando soro por
intravenosa e outras coisas para reverter as drogas. Estava deitado lá e
começou a falar sobre Shakespeare. Então ele apagou e, cinco minutos
depois, acordou e continuou a conversar comigo." Parte do motivo de ter sido
Kim a encarregada de acompanhar a ambulância era por que Courtney
queria jogar fora o resto de heroína de kurt, mas não conseguiu encontrá-la.
Quando Kurt recuperou a consciência, Kim lhe perguntou onde ele a
colocara. "Está no bolso do roupão que está pendurado na escada",
confessou Kurt, pouco antes de desmaiar novamente. Kim correu até o
telefone e ligou para a casa, mas a essa altura Courtney já a havia
encontrado. Quando Kim voltou até Kurt, ele havia acordado novamente e
insistia para ela não contasse onde estava a droga.
Depois de cerca de três horas de Narcan, Kurt estava pronto para
voltar para casa. "Quando ele foi liberado para sair do hospital, eu não
conseguia ascender
o cigarro dele com rapidez suficiente", disse Kim. para ela foi uma tristeza
enorme testemunhar o quer ás vezes quase parecia um cômico encontrou de
raspão com a morte: a overdose se tornara comum para Kurt, parte do jogo,
e havia normalidade na loucura. De fato, conforme anotado no boletim
policial, Courtney contou aos policiais a verdade mais ampla e mais triste
sobre este episódio especifico: "Este tipo de incidente já havia acontecido
antes com a Vitima Cobain".
A "heroína" agora fazia parte da existência cotidiana de Kurt e, ás
vezes, particularmente quando ele não tinha trabalho com a banda, e
Courtney e Frances saiam, era a parte central. No verão de 1993, ele estava
tomando quase diariamente e, quando não, permanecia em abstinência e
vociferando reclamações. Era um período de dependência mais funcional do
que no passado, mas o seu consumo ainda ultrapassava o da maioria dos
viciados.
Mesmo Dylan, também um viciado, considerava perigoso o nível da
dosagem de kurt. "Definitivamente, ele tomava muita droga", lembra Dylan.
"Eu queria me drogar e ainda conseguia faze nada. Ele sempre queria tomar
mais do que precisava." O interesse de Kurt estava na fuga, e quando mais
rápida e mais incapacitante, melhor. Em decorrência disso, havia muitas
situações de overdose e proximidade da morte, chegando a uma dúzia delas
só em 1993.
A escalada do vicio de Kurt se dava em contraposição a um esforço
que Courtney estava fazendo para ficar sóbria. No final da primavera, ela
contratou uma médium para ajuda-la a se livrar das drogas. kurt se recusou
a pagar as contas da médium e ria de seu conselho de que os dois
precisavam se livrar de "todas as toxinas". Courtney, porém levou isto a
sério, ela tentou parar de fumar, começou a beber diariamente suco fresco e
a freqüentar reuniões dos Narcóticos Anônimos. A principio, Kurt zombou da
esposa, mas depois a incentivou a freqüentar as reuniões, no mínimo porque
assim ele tinha mais tempo livre para se drogar. No dia 1º de junho,
Courtney organizou uma intervenção na casa de Lakeside.
Entre os presentes estavam Krist, o amigo Nils Berntein, Janet
billig da Gold Mountain, Wendy e o padrasto de Kurt, Pat O'Connor. A
principio, Kurt se recusou a sair do quarto e até a olhar para o grupo.
Quando finalmente saiu do quarto, ele e Courtney começaram a gritar um
com o outro. Em um acesso de raiva, kurt apanhou um pincel atômico e
rabiscou na parede do corredor: "nenhum de vocês jamais conhecerá minha
verdadeira intenção." "Era óbvio que havia como chegar a ele", lembra
Bernstein. O grupo reunido passou por uma ladainha de motivos pelos quais
Kurt deveria parar de tomar drogas, sendo um dos mais repetidos as
necessidades de sua filha. A mãe dele lhe disse que sua saúde estava em
risco. Krist argumentou com Kurt, falando de como ele mesmo havia
reduzido seu hábito de bebe. Quando Pat O"Connor expôs os casos de suas
batalhas com o álcool, Kurt ficou calado e olhou fixo para seus tênis. "Dava
para ver no rosto de Kurt que ele estava pensando: "Nada em sua vida tem
coisa alguma a ver com a minha", lembra Berstein. "Pensei comigo: "Isto não
está ajudando em nada".
Quando Kurt voltou amuado para o quarto, os que ficaram
reunidos começaram a discutir sobre quem era o culpado pelo vicio de kurt.
Paraq od mais próximos a ele, era mais fácil um culpar o outro do que
imputar a responsabilidade a ele mesmo.
Naquela verão, Kurt começou a se isolar cada vez mais: os amigos
o chamavam zombeteiramente de Rapunzel, porque ele raramente saia do
quarto. Sua mãe era uma das poucas pessoas a quem ele ouvia e Courtney
passou a fazer uso crescente de Wendy como mediadora. Kurt ainda
precisava desesperadamente de uma proteção materna e regredia a um
estado quase fetal quando se retirava do mundo. Wendy conseguia acalmá-lo
acariciando-lhe os cabelos e lhe dizendo que tudo ia ficar bem. "Havia
momentos em que ele se desligava lá em cima e ninguém, nem Courtney
nem qualquer outra pessoa, podia chegar perto dele", observava Bernstein.
"Mas a mãe entrava lá e ele não a expulsava. Acho que era depressão
química." A família de Wendy era marcada pela depressão, e embora vários
amigos de Kurt sugerissem que se submetesse a tratamento, ele optava por
ignorar seus apelos e se automedicar com drogas. Verdade seja dita, era
difícil alguém conseguir que ele fizesse alguma coisa: se o mundo do Nirvana
pudesse ser considerado uma pequena nação em si mesma - Kurt era o rei.
Poucos ousavam contestar a saúde mental do rei por medo de serem banidos
do reino.
No dia 4 de junho, depois de outro dia terrivelmente dramático,
Courtney chamou a policia para Kurt. Quando os policiais chegaram, ela
lhes disse que eles haviam tido "uma discussão sobre armas na casa".
Courtney havia jogado um copo de suco em seu rosto e ele lhe dera um
empurrão. "Momento em que", afirma o boletim policial, "Cobain empurrou
Love para o chão e começou a estrangulá-la, deixando um arranhão." A
legislação de Seattle exigia que a policia prendesse pelo menos uma das
partes envolvidas numa disputa doméstica — Kurt e Courtney começaram a
discutir sobre que seria preso, já que ambos desejavam a distinção. Kurt
insistiu que fosse ele a ir para a cadeia — para alguém passivo-agressivo,
este era um filão e tanto de oportunidade para se retirar emocionalmente e,
ao mesmo tempo, bancar o mártir.
Ele venceu. Foi transportado para a delegacia do distrito norte e
encarcerado na cadeia de King County. A policia também apreendeu uma
grande quantidade de munição e armas na casa, inclusive duas pistolas
calibre.38 e um rifle de ataque Colt Ar-15 semi-automático.
Mas a verdadeira história do que aconteceu naquela dia era um
exemplo da crescente tensão em seu casamento. Como dois personagens de
um conto de Raymond Carver, as brigas do casal incluíam cada vez mais a
escavação de seus uso de drogas na frente de Courtney e da médium. "è
claro que ele tinha de encontrar aquela droga que me deixaria louca", lembra
Courtney. "Ele decidiu que ia experimentar crack. "Ele fez uma encenação
muito doida sobre como ia adquirir e experimentar uma "pedra" no valor de
dez dólares." para atazanar a esposa, Kurt procedeu como se "estivesse
acertando a transação de droga do século" com repetidos telefonemas a um
traficante.
Imaginá-lo purificando cocaína de crack em sua casa enfurecendo
Courtney que, em lugar de atirar um copo sobre ele, como confirma o
boletim policial, na verdade atirou um espremedor. Não foi bem uma briga —
os embates físicos entre os dois terminavam empatados, tal como sua
primeira luta romana no chão do clube de Portland. Mas mesmo assim
Courtney chamou a policia, imaginando que tê-lo na cadeia era melhor do
que deixá-lo queimar a casa purificando cocaína. "tenho certeza de que Kurt,
de algum modo, acabou conseguindo crack em algum lugar, mas nunca
descobri", disse ela. Ele passou apenas três horas na prisão e foi libertado
naquela noite por uma fiança de 950 dólares. Mais tarde as acusações foram
retiradas. eles remendaram as coisas depois da prisão e, como
constantemente acontecia em sua relação, o trauma os aproximou mais. Na
parede do quarto, ela escreveu dentro de um coração o grafite: "è melhor
você me amar, seu panaca". Um mês depois da briga, Kurt descrevia a
relação para Gavin Edwards, da revista Details, como "um dervixe
rodopiante de emoção, todos esses extremos de briga e amor ao mesmo
tempo. Se estou furioso com ela, eu grito com ela, e isso é saudável". Ambos
eram mestres em ampliar e testar limites — era tudo o que Kurt fazia na
infância —, e sempre que deixava Courtney com raiva, ele sabia que teria de
conquistá-la de novo, normalmente com cartas de amor. Uma delas dizia:
"Courtney, quando eu digo "eu te amo", não estou envergonhado, nem
ninguém jamais, jamais, chegará perto de me intimidar, persuadir ect. a
pensar o contrário. Eu carrego você na minha manga. Eu escancaro você
com o envergadura de asa de um pavão, porém quase sempre com a
envergadura de atenção de uma bala na cabeça". A prosa era
autodepreciativa, descrevendo a si mesmo como "tão denso quanto cimento",
mas também a fazendo lembrar do compromisso matrimonial dele "eu desfilo
em volta de você orgulhosamente com o anel em meu dedo, que não contém
nenhum minério".
Duas semanas depois da detenção por violência doméstica, Neal
Karlen chegou á casa dos Cobain para entrevistar Courtney para o New York
Times. Quando ele bateu á porta, Kurt atendeu, carregando Frances, e
anunciou que sua esposa estava "na reunião da Narcóticos Anônimos".
Convidou Karlen a entrar e se sentaram e assistiram televisão. "Era uma
casa enorme", lembra Karlen, "Ma havia pontas de cigarro em pratos e uma
mobília horrível, desprezível. Na sala de estar havia um televisor gigante, de
cinco metros. Era como se alguém tivesse chegado na loja e dissesse: "Quero
a maior televisão do catálogo." Na televisão estava sendo exibido o último
episódio de Beavis and Butt-Head", o popular programa da MTV. "eu
Conheço Beavis e Butt-Head", disse Kurt a Karlen.
"Eu cresci com pessoas desse tipo; eu as reconheço." Num
momento de pura casualidade, o vídeo de "Smells Like Teen Spirit" apareceu
no programa. "Muito bem!", exclamou Kurt. "Vejamos o que eles pensam de
nós." Quando os dois personagens caricaturais ergueram os polegares para o
Nirvana, Kurt pareceu genuinamente lisonjeado. "Eles gostam de nós!"
Parecendo que estava combinado, Courtney chegou em casa. Ela
beijou Kurt, fez Frances saltar para seu joelho e apenas com uma leve
sugestão de sarcasmo anunciou: "Ah, a família perfeita — exatamente como
uma gravura de Norman Rockwell". Mesmo Karlen se impressionava com
uma imagem domestica. "Eu não parava de pensar neles como Fred e Ethel
Mertz", lembra ele. "Ele era mais como Fred, com as mãos no bolso,
enquanto Ethel administrava a casa." Karlen também havia surpreendido
Kurt num dia em que seus olhos estavam claros. "Eu já vira drogados o
bastante para saber que ele estava de cara limpa."
No caso, Courtney não queria falar com o New York Times, mas o
que queria era expressar suas opiniões para um livro que Karlen estava
escrevendo sobre a banda Babes in Toyland. A entrevista se arrastou por
horas e Kurt freqüentemente interrompia quando Courtney o cutucava. "Ele
não era tão passivo quanto as pessoas diziam", observa Karlen. Courtney
usou Kurt como usaria um historiador do punk que morasse na casa -
quando ela fazia uma observação e precisava de uma ou de um nome, ela
perguntava a Kurt e ele sempre sabia a resposta. "Era como assistir a um
programa de perguntas e respostas onde se consulta um professor para
comprovar os fatos", observa Karlen.
Kurt também tinha um dúvida: estava ponderando se comprava
uma guitarra que já pertencera ao Leadbelly. Ela estava á venda por 55 mil
dólares. mas ele não conseguia decidir se comprá-la era uma "atitude punk"
ou um "atitude anti-punk".
A única tensão que karlen notou entre o casal foi quando Courtney
tropeçou em um disco de Mary lou Lord da coleção de discos de kurt. Isto
levou Courtney a contar um caso de como ela havia corrido atrás de Mary
Lou pela rua em Los Angeles, ameaçando bater nela. Kurt ficou calado e esta
foi a única vez que karlen achou que ele agia como "o marido resignado". O
discurso de Courtney sobre a história do Punk Rock continuou por horas a
fio depois que Kurt foi dormir. Karlen acabou passando a noite num quarto
excedente.
A manhã trouxe a única evidência de que este não era um
domicílio típico: quando Kurt foi preparar a refeição matinal, não havia
nenhuma comida. Depois de procurar durante vários minutos, Kurt
despejou alguns biscoitos doces num prato e anunciou que era o café da
manhã.
No dia 1º de julho, o Hole apresentou seu primeiro show após
vários nesses, no clube Off-Ramp de Seattle. Courtney havia reequipado sua
banda, que estava se preparando para excursionar pela Inglaterra e fazer um
disco.
Kurt foi ao show, mas ele estava muito chapado. "Ele estava tão
debilitado que mal conseguia parar em pé", lembra Michelle underwood, do
clube. "Tivemos de ajudá-lo a se locomover por ali. Parecia que ele estava
muito apreensivo por ela." Seu nervosismo estava exacerbado pelo fato de
que, no dia do show, o Seattle Times publicou uma matéria sobre sua prisão
no mês anterior pelo acidente de violência domestica. Courtney brincou no
palco; "Nós estamos doando todo o dinheiro que vocês pagaram para entrar
hoje á noite para o Fundo dos Espancadores de Esposas Vitimas de
Violência Doméstica. Uma ova!". Depois ela voltou ao assunto: "Violência
doméstica não é algo que já tenha me acontecido. Eu gosto de defender meu
marido.
Essa história não é verídica. Elas nunca são. Por que é que toda
vez que tomamos uma simples cerveja, isto vira uma puta noticia?". Apesar
da encanação, sua apresentação chamou a atenção e foi a primeira vez que
ela conquistou uma platéia de Seattle.
O show do Hole terminou á uma e quinze da madrugada, mas este
não foi o fim da noite para os Cobain. Brian Willis da NME foi aos bastidores
e perguntou se Courtney poderia dar uma entrevista. Ela o convidou para ir
á casa deles, mas passou a maior parte da entrevista promovendo o disco de
Kurt. Courtney até tocou In Utero para willis, a primeira vez que um
jornalista ouvia o disco. Ele ficou atônito com a surpresas, escrevendo: "Se
Freud pudesse ouvir isto, molharia as calças só com a expectativa". Ele
chamou o disco de "um disco prenche de ironia e perspicácia. in utero é a
vingança de Kurt".
A experiência auditiva de Willis foi interrompida quando Kurt
chegou á sala para informar: ""Acabamos de sair no noticiário, na MTV.
Estavam falando sobre a matéria no Seattle Times e que o Hole acaba de dar
inicio a sua turnê mundial em Seattle no Off-Ramp". Com isso, Kurt fez um
lanche de muffins ingleses e chocolate quente e se sentou ao balcão
observando o sol nascer. Quando Willis descreveu os acontecimentos do fim
da noite para a NME, concluiu a matéria com uma dose de análise: "Para
alguém que tem passado por tanta coisa nos últimos dois anos, cujo nome
está sendo mais uma vez alvo de animosidade, que está prestes a lançar um
disco ansiosamente aguardado pelo mundo inteiro do rock e que está diante
de uma espantosa atenção e pressão, Kurt Cobain é um homem
extraordinariamente satisfeito".

POLLY

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