quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Kurt Cobain: A Lenda que não morreu! 18ª Parte


ÁGUA DE ROSAS, CHEIRO DE FRALDA

Los Angeles, Califórnia,
Agosto de 1992- Setembro de 1992

"Água de rosas, cheiro de fralda [..]
Ei, namorada, desintoxicação estou em minha caixa de chucrute,
preso aqui em minha penitenciária de tinta."

De uma carta de 1992 para Courtney.
FRANCES BEAN COBAIN NASCEU ás 7h48 da manha no dia 18 de
agosto de 1992, no centro médico Cedars-Sinai, em Los Angeles. Quando o
médico anunciou que ela parecia estar em excelente estado de saúde, com
3,2 kg pôde-se ouvir um suspiro de alivio da mãe e do pai. Não só Frances
era saudável como também linda — havia herdado os olhos azuis do pai. Ela
chorou ao nascer e reagiu como um bebê normal.
Mas o parto de Frances e o desenrolar dos acontecimentos naquela
semana foram tudo, menos normais. Courtney estivera acamada no hospital
dez dias, mas sua família havia atraído repórteres de tablóides que tiveram
de ser escorraçados dali. Embora lhe tivesse sido prescrito que
permanecesse na cama, já que suas contrações haviam começado, ela
conseguiu se levantar ás quatro da manhã, agarra o suporte da intravenosa
a que estava conectada e caminhar pelos corredores da enorme instalação
médica até encontrar Kurt na ala de dependência química. A reabilitação
dele não estava transcorrendo bem — ele se via incapaz de ingerir comida e
passava a maior parte do tempo dormindo ou vomitando. Quando Courtney
chegou ao quarto de Kurt, arrancou-lhe as cobertas do rosto e gritou: "Saia
já desta cama e desça agora mesmo" Você não vai me deixar nisto sozinha.
Porra!".
Como um cordeirinho, Kurt acompanhou-a até a ala de obstetrícia,
mas não foi de muita ajuda. Ele estava em tal fragilidade — com pouco mais
de 47 quilos e ainda preso a uma intravenosa também — que não conseguia
nem inalar o ar com força suficiente para fazer funcionar a respiração.
Courtney teve de desviar a atenção das contrações e cuidar do adoentado
marido: "Eu estava tendo o bebê, o bebê estava saindo, e ele vomitando,
desmaiando e eu segurando a mão dele, e esfregando seu estômago
enquanto o bebê saia de mim", contou ela a Azerrad. Kurt desmaiou
momentos antes de a cabeça de Frances despontar e não a viu passando
pelo canal de nascimento. Mas depois que o bebê saiu e passaram o sugador
para limpá-lo, ele o pegou no colo. Foi um momento que ele descreveu como
um dos mais felizes e, viu que tinha todos os dedos e que não era um "bebê
golfinho", parte desse medo recuou.
No entanto, nem mesmo a intensa alegria de segurar sua filha
recém-nascida consegui tirar Kurt do quadro de crescente histeria composto
pelo artigo da Vanity Fair. No dia seguinte, em uma cena digna de uma peça
de Sam Shepard, kurt escapou da unidade de desintoxicação do hospital,
comprou heroína, aplicou-se e depois voltou com uma pistola calibre 38
carregada. Foi até o quarto de Courtney, e a fez lembrar de um juramento
que ambos haviam feito — se por alguma razão fossem perder o bebê, ele se
matariam em um duplo suicídio. Ambos temiam que Frances lhe fosse
tirada, e Kurt receava que não conseguisse deixar a heroína. Ele havia
garantido que não viveria com destino desses. Courtney estava transtornada
com o artigo da revista, mas não a ponto de suicida-se. Ela tentou chamar
Kurt á razão, mas ele estava louco de medo. "Eu vou primeiro", disse-lhe ela
finalmente, e ele lhe passou a pistola. "Eu segurei aquela coisa em minha
mão", lembra ela em um entrevista dada em 1994 a David Fricke, "e eu
sentia aquela coisa que eles diziam na Lista de Schindler: eu nunca vou
saber o que acontecerá comigo. Mas, e quanto a Frances? Um lance um
tanto grosseiro: "Ah, seus pais morreram no dia seguinte ao seu
nascimento." Courtney deu a arma a Eric Erlandson, do Hole, o único amigo
com que podiam contar, por mais sórdidas que as coisas se tornassem, e ele
a jogou fora.
Mas as sensações de desespero de Kurt não desapareceram:
apenas aumentaram. No dia seguinte, ele conseguiu que uma traficante
entrasse sorrateiramente no Cedars-Sinai e, em um quarto afastado da ala
obstétrica, tomou uma overdose.
"Ele quase morreu", contou Courtney a frick. "A traficante disse
que nunca vira alguém tão morto. Eu perguntei: "Por que você não vai
chamar uma enfermeira? Há enfermeiras por toda parte." uma enfermeira foi
encontrada e Kurt foi reanimado, derrotando mais uma vez a morte.
Ma ele não conseguiria escapar da edição de setembro de Vanity
Fair que chegou ás ruas naquela semana, Escrito por Lynn Hirschberg, o
artigo tinha como cabeçalho "Estranho Amor: Courtney Love, a diva que o
grupo pós-punk Hole, e seu marido, o glamuroso ídolo do Nirvana, Kurt
Cobain, serão John e Yoko grunges? Ou os próximos Sid e Nancy?". Era um
retrato condenatório, apontando Courtney como uma "personalidade
desastrosa" e retratando seu casamento com Kurt como nada além de uma
tacada carreirista. Mas as feridas mais profundas vinham de várias citações
anônimas, obviamente de uma pessoa próxima do casal, que levantava
preocupações com a saúde de Frances e os problemas de drogas dos dois
durante a gravidez. As alegações eram muito perversas; Kurt e Courtney se
sentiram duplamente traídos por ter sido alguém de sua organização que os
caluniara naquele foro público.
Pior ainda é que o artigo era tratado como noticia por outras fontes
da mídia, entre as quais a MTV. Kurt disse a Courtney que se sentia
enganado pela rede de televisão, achando que ela o havia feito famoso só
para destruí-lo. Naquela semana, ele se pôs a escrever uma carta para a
MTV atacando Hirschberg e a rede:
Prezada Empty tv, a entidade de todos os Deuses incorporados:
como ousam aderir a tamanho lixo jornalístico de uma vaca obesa
impopular-no-colégio que necessita severamente que seu carma seja
quebrado? Minha vida agora será dedicada exclusivamente a criticar a MTV
e Lynn Hirschberg, que a propósito esta mancomunada com seu amante
Kurt Loder (beberrão de Gin Blosssom". Nós sobreviveremos sem você.
Facilmente. A velha escola está decaindo rapidamente. Kurdt Kobain,
músico de rock profissional. Marginal Por seu turno, courtney ainda estava
se recuperando do fato de ter interpretado Hirschberg tão erroneamente. A
maioria dos assuntos que o artigo abordava já havia sido exposto em outras
reportagens, mas era o tom da matéria que parecia guerra de classes. Em
1998, Courtney veiculou a seguinte reflexão no América Online:
Não encontrei NENHUMA porra de pista sobre como uma
"mentalidade pós-guerra" como Vanity Fair* Hirschberg receberia a mim e
minha família. Minha vida inteira me protegi de todo modo possível dos
valores dominantes: o feminismo, o punk rock e as existência subcultural
não me permitiram ter um sistema de valores que compreendesse o
pensamento em vigor ou que compreendesse como nós, "Punk sujos", não
tínhamos nenhum direito ao sonho americano; isso, além do que eu
imaginava que seria de bom gosto ficar famoso; eu não fazia a MENOR IDEIA
do arquétipo contra o qual eu colidiria... Mas fica o fato de que a maior parte
daquele artigo era dissimulada e inverídica.
A atenção pública tirou Kurt e Courtney das revistas de rock e os
levou para os jornais americanos, onde o tribunal da opinião pública se
apressava a condenar todo genitor considerado impróprio. O tablóide THe
Globe publicava uma matéria com a manchete "Filha de Atros do Rock nasce
drogada", com direito a foto de um recém-nascido deformado que
fraudulentamente insinuava ser Frances. Embora Courtney não fosse a
primeira mãe com problemas de drogas a ter um filho, em pouco tempo ela
se tornou a mais pública, e falava-se do "bebê Cobain" pelo balcões de
lanchonetes e filas dos supermercados como décadas antes se falava do bebê
de Lindbergh. Axl Rose, do Guns N' Roses, chegava a ponderar no palco.
"Kurt Cobain é um puta drogado com uma esposa drogada. E se o
bebê nasceu deformado, eu acho que os dois deveriam ir para a cadeia".
Dois dias depois do nascimento de Frances, os piores receios do
casal se realizavam — uma assistente social do Departamento de Assistência
á Infância do Município de Los Angeles apareceu no Hospital trazendo um
exemplar da Vanity Fair. Courtney estava desanimada e sentia — mais do
que em qualquer momento de sua vida — que estava sendo julgada, e de fato
estava. Kurt havia passando a maior parte da sua vida sentindo-se julgado,
mas desta vez eram suas habilidades como pai e seu vicio com drogas que
estavam sendo avaliados. A conversa entre a assistente social e Courtney
imediatamente se tornou irascível. "Depois de ver aquela mulher durante
cinco minutos", lembra Rosemary Carrol, "Courtney criou um clima no qual
a mulher queria derrubá-la e feri-la, E, infelizmente, munição havia." O
município solicitava que Frances fosse levada e que Kurt e Courtney fossem
declarados pais inadequados, quase inteiramente com base no artigo da
Vanity Fair. Em decorrência das ações do município, não se permitia a
Courtney me mesmo levar Frances para casa quando ela saísse do hospital
três dias depois do parto. Em vez disso, Frances teve de ficar em Observação
— apesar do fato de ser uma criança saudável —, e só saiu alguns dias
depois sob os cuidados de uma baba. Já que o tribunal não a entregaria a
Kurt e Courtney.
No dia 24 de agosto de 1992, seis dias depois do nascimento de
Frances, foi realizada a primeira audiência no tribunal. Embora esperassem
manter a custódia de Frances como casal, Kurt e Courtney estavam
preparados para a possibilidade de o tribunal impor restrições a um dos pais
e, por isso, tinham advogados distintos. "Isto é feito estrategicamente",
lembra Neal Hersh advogado de Kurt, "para que se houve uma divergência
de interesse ou questões, você possa separa os pais e garantir que a criança
fique com a família."
No caso, o juiz determinou que não seria permitido a Kurt e
Courtney verem a filha sem a supervisão do guardião designado pelo
tribunal. Kurt era ordenado a passar por trinta dias de tratamento para
dependência de drogas e a ambos os pais se exigia que fizessem exames de
urina aleatórios. Kurt ficara vários dias sem tomar drogas e disse a Courtney
que sentia a decisão do tribunal havia partido seu coração em dois. "Foi
horrível", lembra Carroll. "Aquela criança era muito desejada. Courtney
havia passado por muitas dificuldades para ter aquela filha. Quase todos
que ela conhecia e em quem confiava haviam lhe dito, com diversos graus de
intensidade, que ela não tivesse a criança, obviamente excluindo Kurt. Ela
sofrera dor física, muito mais do que numa gravidez normal, por causa das
batalhas para se abster de drogas e permanecer saudável, numa época em
que nada ao seu redor era saudável.
Passar por aquilo e ter o bebê, e depois o bebê ser levado para
longe de você...", lembra Hersh, e comenta o que observou de kurt com
Frances: "Você precisava tê-lo visto com essa criança. Ele simplesmente se
sentava e ficava olhando para ela durante horas. Ele estava tão encantado
com qualquer pai estaria". Eles já haviam planejado ter uma babá; logo
desenvolveram um plano complexo para deixar Frances temporariamente
aos cuidados de babás e parentes, conforme exigido pelo juiz. Isso trazia
outro problema: com qual parente? Kurt e Courtney tinham tantos
problemas com suas famílias que não estavam disposto a confiar Frances a
seus respectivos pais. Por fim, surgiu a idéia de meia-irmã de Courtney,
Jamie Rodriguez. "Nem pensar que eles não fossem cuidar muito bem dessa
criança", observa Carroll. "O problema não era esse. O único problema eram
as drogas. Era aquela insana mentalidade puritana americana de "guerraás-
drogas". a premissa é que você não pode ser um viciado e ser um bom
pai."
Depois de consideráveis manobras, Jamie foi trazida de avião para
atender ao pé da letra o decreto do tribunal. "Ela mal conhecia Courtney",
lembra Danny Goldberg," e não a tolerava. Por isso, fizemos uma espécie de
suborno para ela fingir que se importava. Alugamos uma casa para ela perto
da casa de Kurt e Courtney, para que oficialmente ficasse com a custódia
durante alguns meses, enquanto o sistema legal decidia se eles poderiam
criar sua própria filha. Freqüentemente eu era aquele a quem Jamie
procurava para assinar outro cheque." Jackie Farry, uma amiga de Janet
Billig da Gold Mountain, foi contratada como babá, e nos oito meses
seguintes ela teria a responsabilidade principal de cuidar de Frances.
Embora Farry não tivesse nenhuma experiência anterior com babá — nem
mesmo tivesse segurado um bebê antes —, ela levou o trabalho a sério e
tentou dar a Frances o cuidado constante em uma situação de grande
tensão emocional. "Era crucial, em função do que [Kurt e Courtney] estavam
passando em suas vidas, que alguém sempre estivesse por perto para
cuidar", lembra Farry.
Jackie, Jamie e Frances se mudaram para Oakwood — o mesmo
complexo de apartamento onde Kurt morou durante a produção de
Nevermind — enquanto Kurt continuava em reabilitação e Courtney voltara
á casa de Alta Loma sem a filha.
Dois dias depois da audiência no tribunal, Kurt voou para a
Inglaterra. Afora a filha recente, a reabilitação de drogas, o artigo na Vanity
fair e as audiências no tribunal, ele era requisitado no palco.
Não só o Nirvana liderou o Festival de Reading, com também Kurt
essencialmente organizou a programação, que incluía melvins, Screaming
trees, l7, Mudhoney, Eugenius e Bjorn Again, uma banda cover do Abba que
Kurt adorava. Mas a maioria dos 60 mil fãs tinha ido ao festival pelo
Nirvana, e Kurt era o rei dessa festa de formatura do punk rock.
Houve mais frenesi em torno desse show do que em relação a
qualquer outro concerto que o Nirvana tinha realizado Grande parte disso se
devia á imprensa inglesa, que vinha publicando matérias internacionais de
última hora. Vários jornais afirmavam que o Nirvana estava dissolvido e Kurt
era descrito como mal de saúde. "Diariamente havia novos boatos circulando
de que o Nirvana não ia tocar", lembra Anton Brookes. "As pessoas
chegavam e me perguntavam, a cada cinco minutos: "Eles vão tocar? e eu
dizia: "Sim." e depois vinha outra dizendo que tinha ouvido falar que Kurt
estava morto."
Kurt estava muito vivo, tendo chegado a Londres naquela semana.
J.J. Gonson estava caminhando pelo Piccadilly Circus dois dias antes do
festival quando deparou com ele. Conversaram durante algum tempo, Kurt
mostrou fotos do bebê, depois disse que tinha que ir ao banheiro. Eles
estavam bem em frente do Museu de Cera do Rock and Roll, e Kurt subiu a
escada até a entrada e muito educadamente perguntou se poderia usar o
banheiro. "Não", disse o guarda," nosso sanitário é apenas para os
fregueses." Kurt fez um estardalhaço. Na vitrine do museu estava uma
réplica em cera de kurt segurando uma guitarra.
No concerto, a expectativa durante os números de abertura e
continuavam a circular rumores de que o Nirvana iria ser um não-show.
Chovia e a multidão saudou o Mudhoney bombardeando a banda
com lama" O calor humano era tão intenso", lembra Gonson, "que nuvens de
vapor se elevaram da multidão enquanto a chuva continuava a cair á noite."
O público esperava para ver se o Nirvana aparecia de fato e se Kurt ainda
estava respirando. "O nível de energia era incrivelmente alto", lembra
Gonson. "Quando alguém surgia no palco, um sobressalto perpassava a
platéia." Kurt havia decidido brincar com os boatos e preparou-se para
entrar no palco numa cadeira de rodas, disfarçado com um avental cirúrgico
e uma peruca branca.
Quando rolou com a cadeira para o palco, caiu da cadeira e se
estatelou no chão. Krist, sempre o coadjuvante perfeito, disse no microfone:
"Você vai conseguir, cara. Com apoio de seus amigos e familiares... você,
cara, vai conseguir". Kurt arrancou o disfarce, saltando para o ar e arrasou
em "Breed". "Foi um momento tão elétrico", lembra Brookes, "que deu
vontade de chorar."
O espetáculo em si foi revelador. Fazia dois meses que os membros
da banda não tocavam juntos, nem mesmo ensaiavam, mas apresentaram
um conjunto de 25 músicas que cobria seu catálogo inteiro. Havia até um
trecho do sucesso do Boston de 1976, "More Than a Feeling", para introduzir
"Teen Spirit", muito apropriado, já que Kurt afirmava na entrevista que ele
havia roubado do Boston a sua frase na guitarra. Várias vezes eles pareciam
á beira do colapso, mas sempre se afastavam do precipício. Kurt dedicou "All
Apologies" a Frances e pediu que a platéia entoasse "Courtney, nós te
amamos". Durante um intervalo entre as músicas, o Nirvana fez uma
brincadeira sobre seu próprio falecimento de um modo que não soava
engraçado. "Eu não sei o que vocês ouviram dizer, mas este não é nosso
último show nem coisa parecida", Disse Krist para a platéia. "É, sim",
asseverou Kurt.
"Eu gostaria, oficial e publicamente, de anunciar que este é nosso
último show..."
"... até tocarmos...", interrompeu Krist.
"... novamente...", acrescentou Grohl.
"... em nossa excursão de novembro", arrematou Kurt.
"Nós vamos viajar em novembro? Ou vamos gravar um disco?"
"Vamos gravar um disco", respondeu Krist.
Não foi nenhuma surpresa quando terminaram a noite com
"Territorial Pissings" e destruíram seus instrumentos. Marcharam para fora
do palco como conquistadores, enquanto o empresário de excursão Alex
Macleod empurrava a cadeira de rodas abandonada. "Eles tinha algo a
provar e queriam prová-lo", observa Macleod.
"Eles quiseram se postar na frente de todas aquelas pessoas que
estavam dizendo: "acabou, ele é um panaca, não serve pra nada", e dizer a
elas, "Vão se foder. Não acabou."
Kurt voltou a Los Angeles no dia 2 de setembro, mas, apesar de ter
Cortejado o Reino Unido pela terceira vez, estava se sentido menos que
vitorioso. Ele ainda estava tomando metadona e em reabilitação, embora
tivesse trocado de centro de tratamento e agora fosse um paciente do
Exodus, em Marina Del Rey. Krist o visitou no centro e achou que ele
parecia mal: "Ele só ficava deitado na cama. Estava simplesmente
estropiado. Depois disso, melhorou, porque fico realmente estupidificado.
Tudo era muito pesado: ele era pai: estava casado: era um astro do rock e
tudo aconteceu de uma vez. Para quem que passasse por tudo aquilo, era
muita pressão: mas ser viciado em heroína quando se estava passando por
aquilo, é muito diferente".
Kurt passava o tempo no Exodus fazendo terapia individual,
terapia em grupo e até reuniões dos 12 passos. A maioria das noites ele
escrevia em seu diário, produzindo longos tratados sobre tudo, desde a ética
punk rock até preço pessoal de se viciar em heroína. "Gostaria que houvesse
alguém com quem eu pudesse me aconselhar", escreveu ele certa noite.
"Alguém que não me fizesse sentir calafrios para vomitar minhas entranhas
e tentasse explicar todas as inseguranças que têm me atormentado por, hã,
cerca de 25 anos, agora. Gostaria que alguém pudesse me explicar por que,
exatamente, eu não tenho mais nenhum desejo de aprender."
Embora Kurt tivesse permissão para sair e fazer breves visita
diárias a Frances e Courtney, suas noites pareciam intermináveis. O
casamento estava em uma dinâmica não rara nos momentos em que Kurt
estava fraco e carente — ele namorava Courtney mais. As cartas que ele lhe
escreveu do centro de reabilitação era uma combinação de poesia e
verborréia de fluxo-de-consciência. Ele as revestia com cera de vela, sangue
e, ocasionalmente com seu esperma. Uma que ele escreveu durante este
período dizia: Água de rosas, cheiro de fralda. Use sua ilusão, fale em língua
e bochecha. Ei, namorada, desintoxicação. Estou em minha caixa de
chucrute, preso aqui em minha penitenciária de tinta. Meio morrendo de
fome e meio inchado. Minha água vazou. Vendendo meu corpo de água toda
noite em casa cheia. Lotação esgota no escuro na cama, sentindo mais falta
de você do que de um canção do Air Supply. Bife de boneca. Bem passado...
Seu leite é tão morno. Seu leite é minha merda. Minha mera é seu leite. Eu
tenho a compleição de um homem pequeno. Estou sem fala.
Estou desdentado. Você tira sabedoria de meus dentes. Minha mãe
é a fada dos dentes. Você me dá Nascimento e dentaduras e caninos. Eu te
amo mais do que á fada dos dentes.
Mas a maior parte do que Kurt escrevia era sobre sua luta para se
libertar da heroína. Imediatamente antes de entrar em reabilitação, os
registros em seu diários refletiam uma condição crescente de rejeição,
particularmente com respeito á cobertura feita pela mídia sobre seu
problema com a droga. "Eu não sou viciado em heroína!", escreveu ele um
dia, como se estivesse tentando convencer a si mesmo. Outro registro
parecido dizia: "Eu não sou gay, ainda que gostaria de ser só para irritar os
homófobos. Para aqueles de você que estão preocupados com meu presente
estado físico e mental, eu não sou um drogado. Tenho um problema de
estômago bastante indefinido e incômodo durante os últimos três anos, e
que, a propósito, não está relacionado. Nenhuma tensão, nenhuma confusão
e, dai, bum! Como um tiro de espingarda: hora do estômago". entretanto,
logo que Kurt deixava a heroína por tempo bastante para romper a
dependência física, ele adotava a inclinação oposta, demonstrando ódio e
repulsa a si mesmo por ter entrado no vicio. "Quase todos que experimentam
drogas pesadas, ou seja, heroína e cocaína, acabarão se tornando
literalmente escravos dessa substâncias", declarou ele em uma dessas autoanálises.
"Eu me lembro de alguém ter dito" se você experimentar a heroína
uma vez, você ficará viciado".
É claro que eu dei risada e zombei da idéia, mas agora acredito que
isto seja a pura verdade." E embora, quando drogado. Kurt usasse seu
estômago como desculpa, quando sóbrio ele o contestava: "Eu sinto muita
pena de todas aqueles que pensam que podem usar heroína como
medicamento porque, hã, que nada, isto não funciona. Abstinência da droga
é tudo o que você já ouviu dizer. Você vomita, você se machuca, você sua,
você caga na cama como naquele filme Christiane F."
Kurt estava se referindo a um filme alemão de 1981 sobre drogas.
Ele encontrou mais sucesso em seu tratamento quando começou a
consultar o Dr. Robert Fremont, um conselheiro de Los Angeles que também
estava cuidando da dependência química de Courtney. Fremont não poderia
ter sido mais controvertido: ele havia perdido sua licença para clinicar
depois de ter receitado narcóticos para si mesmo. Ele acabou recuperando a
licença e começou a clinicar, tratando dos problemas de drogas de alguns
dos maiores astros de Hollywood. Ele tinha sucesso numa profissão em que
os índices de recaída são extraordinariamente altos, talvez porque tivesse
experiências direta com o vicio. Ele defendia a prescrição generosa de drogas
legais a clientes que estavam se desintoxicando, metodologia que adotou
com Kurt.
Em setembro de 1992, Fremont começou a usar um plano
experimental — e na época ilegal — de tratamento em Kurt, que envolvia
ministra-lhe doses diárias de buprenorfina. Este narcótico relativamente
benigno estimula os receptores de opiato do cérebro e, com isso, pode cortar
o desejo pela heroína, ou assim supunha Fremont. Em Kurt, o método
funcionou, pelo menos temporariamente.
Conforme Kurt descreveu em seu diário; "Fui introduzido na
buprenorfina, que descobri que alivia a dor [do estômago] em questão de
minutos. Ela tem sido usada experimentalmente em alguns centros de
desintoxicação para a interrupção no consumo de opiatos e de cocaína. A
melhor coisa nela é que não ha nenhum efeito colateral conhecido. Ela atua
como um opiato, mas não deixa você alto. A classe de potência da
buprenorfina é a de um barbiturato moderado e, numa escala de um a dez, é
grau um, e a heroína é de grau dez".
No dia 8 de setembro, Kurt recebeu licença de um dia do Exodus
para ensaiar com o Nirvana — apesar de sua reabilitação em curso, as
atividades não se interromperam e a banda estava programada para tocar no
dia seguinte no video Music Award da MTV. O evento era o equivalente do
entediante Oscar da Academia — a premiação musical era mais badalada,
mais respeitada na época do que o Grammy Awards, e era acompanhada de
uma cerimônia que atraia os manda chuvas do setor. O Nirvana fora
indicado para três prêmios e, em julho, havia sido anunciado que eles
tocariam no programa.
Ainda havia dúvidas se Kurt poderia, ou deverias, tocar em um
programa de premiação em seu estado de saúde. Kurt decidiu, por pressão
dos empresários, Tocar. "Ele odiava ir a shows de premiação", explica o
empresário Danny Goldberg, "e jamais gostava de ser reconhecido, ma
trabalhava e se empenhava muito em ser reconhecido." Nas entrevistas, Kurt
lamentava que a MTV exibia demais o seus vídeo; reservadamente, ele ligava
para seus empresários e se queixava quando julgava que a emissora não os
exibia bastante.
A gigantesca audiência televisiva garantia a venda de mais disco,
mas talvez o mais importante para Kurt fosse que os prêmios eram sua
primeira chance de subir ao pódio e ser reconhecido como o maior astro do
rock mundial.
Embora Kurt sempre minimizasse seu sucesso e desse a entender
nas entrevistas que havia caído na arapuca de sua popularidade, a cada
guinada de sua carreira ele tomava decisões criticas que lhe aumentavam a
fama e sucesso: essa era uma das maiores contradições em seu caráter.
O absurdo de um homem aparecendo na MTV e falando sobre
como odiava a publicidade passou despercebida a muitos fãs do Nirvana,
que preferiam ver Kurt como ele se apresentava com sucesso — como um a
vitima involuntária da fama e não com alguém que habilmente a procurara.
No entanto, mesmo nesse desejo de reconhecimento, Kurt queria as coisas
em seus próprios termos, como comprovariam os acontecimentos daquela
semana.
A controvérsia eclodiu desde o primeiro ensaio, Quando Kurt entro
no Pavilhão Pauley da UCLA, dirigiu-se a Amy Finnerty da MTV e disse a ela:
"Eu vou tocar uma musica nova". "Ele estava todo entusiasmado com isso e
agiu como se isso fosse um presente", lembra Finnerty. Para grande
surpresa dos executivos da MTV, que esperavam ouvir "Teen Spirit", eles
tocaram rapidamente "Rape Me". Na verdade, não era uma música nova — o
Nirvana a vinha tocando em concerto durante dois anos —, mas era nova
para as altas patentes da Mtv. Tinha uma letra de apenas onze linha, com
um coro que dizia: "Rape-me, my friend, rape me agains" ["Estupre-me, meu
amigo, estupre-me de novo"]. Tinha a mesma dinâmica cativamente
suave/barulhenta de "Teen Spirit" e, com o estribilho insólito, criava uma
perfeita estética Cobain — bonita assombrada e perturbadora. Finnerty foi
imediatamente arrastada para um trailer da produção onde recebeu um
sermão de seus chefes sobre a escolha da canção da banda. ele acharam que
"Rape Me" era sobre a MTV. "Ah, qual é", protestou ela. "Eu posso garantir a
vocês que ele não compôs a canção para nós ou sobre nós."
Kurt já a havia composto no final de 1990, mas em 1992 ele havia
alterado a letra para incluir uma critica severa á "our favorite inside source"
["nossa fonte interna favorita"], uma referência a Vanity Fair. Embora ele
defendesse a canção nas entrevistas como uma alegoria aos abuso da
sociedade, em setembro de 1992 ela também passara a representar u
metáfora mais pessoal para o modo com ele se sentia tratado pela mídia,
seus empresários, parceiros de banda, seu vicio e pela MTV (como os
executivos da MTV haviam astutamente percebido).
Uma batalha de vontades começou a ser travada entre os
mandachuvas da MTV e Kurt, ainda em reabilitação, tendo Finnerty e a Gold
Mountain como intermediários. A MTV ameaçou tirar o Nirvana do show:
kurt disse que isso era ótimo. a MTV ameaçou parar de exibir vídeos do
Nirvana; Kurt disse que isso era ótimo, embora, no fundo, provavelmente
estivesse receoso a respeito. E então a rede aumentou a parada e ameaçou
parar de exibir vídeos de outros artistas agenciados pela Gold Mountain.
Finnerty foi convocado para fazer o leva-e-traz entre os dois lados e se dirigiu
de carro para o Exodus com Courtney, Frances e a babá Jackie para falar
com Kurt, que tinha sido levado de volta á instituição logo depois do ensaio.
Sentaram-se no gramado e discutiram as opções, mas nenhuma solução foi
encontrada e Kurt teve de voltar correndo para a terapia. Cada esforço na
reabilitação fazia com que a terapia passasse a ocupar parte maior em seu
tratamento, embora ele ainda se recusasse a buscar aconselhamento
quando não em reabilitação.
Kurt reconsiderou sua escolha da música, mas só depois que lhe
disseram que Finnerty seria demitida se o nirvana tocasse "Rape Me". Os
executivos da MTV ficaram visivelmente surpresos quando o Nirvana se
apresentou para o ensaio final no dia do programa. Todos os olhos no salão
se voltaram para Kurt quando ele entrou, e nesse momento ele estendeu a
mão, agarrou a mão de Finnerty e desafiadoramente caminharam pelo
centro do auditório, balançando exageradamente os braços, como duas
crianças numa excursão de creche. Isso era feito inteiramente para os chefes
da MTV: Kurt estava fazendo saber que se eles a despedissem, ele não
tocaria na festa deles.
Esse ensaio em particular foi monótono. A banda tocou "Lithium",
a música soou excelente e o pessoal da MTV aplaudiu, talvez um pouco
entusiasmado demais. No entanto, quando todos esperavam o inicio do
programa, circulou o boato de que quando a apresentação estivesse ao vivo,
Kurt pretendia tocar "Rape Me".
Era o tipo de tensão que envolvia as apresentações mais
significativas do Nirvana e nela Kurt crescia.
Enquanto isso, um drama se desenrolava nos bastidores. Kurt,
Courtney, a babá Jackie e Finnerty estavam sentadas com Frances quando
Axl Rose passou de mãos dadas com sua namorada, a modelo Stephanie
Seymour. "Ei, Axl", saudou Courtney, soando um pouco com Blanche
Dubois, "quer ser padrinho de nossa filha?" Rose a ignorou, mas se virou
para Kurt, que estava balançando Frances no joelho, e se curvou até a altura
de seu rosto. Quando as veias do pescoço de Axl se estufaram até a grossura
de uma mangueira de jardim, ele rosnou: "Mande sua cadela car a boca ou
eu vou levar você lá para a rua!"
A idéia de que alguém pudesse controlar Courtney era tão cômica
que um sorriso gigante surgiu no rosto de Kurt. Ele teria começado a
gargalhar se não fosse por seu forte senso de autopreservação. Ele se virou
para Courntey e ordenou, numa voz de robô: "Certo, cadela. Cale-se!". Isto
provocou em todos que estavam ao alcance da sua voz um riso abafado,
exceto Rose e Seymour. Talvez tentando livrar a cara, Seymour criou seu
próprio confronto, perguntando para Courtney, com todo o sarcasmo que
conseguiu reunir: "Você é modelo?". Courtney, que havia dado á luz sua filha
havia três semanas, era muito rápida para que alguém a superasse nesse
tipo de réplica — muito menos Stephanie Seymour — e disparou de volta:
"Não. E Você, é neurocirurgiã?". Com isso, Rose e Seymour saíram depressa
dali.
Chegou então o momento de o Nirvana entrar no palco. Os chefes
da MTV já haviam proposto um plano de contingência para se certificarem
de que não seriam enganados por Kurt. Os engenheiros de som haviam sido
instruídos para, caso a banda tocasse "Rape Me", cortarem imediatamente
para um comercial. O único problema era que ninguém na cabina sabia com
era a inédita "Rape Me". O Show começou e o Nirvana apareceu no palco. De
repente, houve uma pausa incômoda e nesse momento se pode ver kurt,
Krist e Dave se entreolharem. Kurt vivia para momentos como esse — todas
as horas durante sua mocidade rabiscando logotipos de bandas em cadernos
e de horas a fio assistindo á MTV o haviam adestrado bastante. Ele sabia
nunca desapontar uma platéia, fosse ela de dezoito garotos no Community
World Theater ou um bando de executivos da MTV reunidos em uma seção
VIP. Ele começou suavemente, dedilhando a guitarra. A principio, não ficou
claro qual canção ele estava tocando, mas quando Krist entrou com a parte
do baixo, todos, no auditório e pelas ondas da televisão, ouviram os acordes
de abertura de "Rape Me". O que os espectadores da televisão não puderam
ouvir nem ver foi um executivo da MTV correndo para o caminhão de
controle. Mas antes que pudesse ser cortado, o Nirvana passou para os
primeiros acordes de "Lithium".
"Fizemos isso para provocá-los", lembra Krist. Foram menos de
vinte segundos — e a MTV editou essa parte quando reprisou o programa —,
mas foi um dos melhores momentos do Nirvana. Quando a canção terminou,
Krist atirou seu baixo para o ar, que aterrissou diretamente em sua testa.
Ele cambaleou no palco, desabou, e muitos acharam que ele estava morto.
Quando Finnerty o encontro nos bastidores, estava se sacudindo todo e
rindo.
Quando o Nirvana ganhou o prêmio de melhor Vídeo Musical
Alternativo, eles enviaram um imitador de Michael Jackson para recebê-lo.
Mas os três membros da banda apareceram quando receberam o de Melhor
Revelação e Kurt disse: "Sabem, é realmente difícil acreditar em tudo que se
lê". Rebater a matéria de Vanity Fair se tornara para ele uma obsessão.
Sóbrio havia duas semana, ele tinha a expressão serena e trás nos olhos a
clareza de um pregador. Depois, enquanto Eric Clapton tocava "Tears in
Heaven", Finnerty e Courtney conspiravam para fazer Kurt e Eddie Vedder
dançarem música lenta. Quando os dois foram empurrados pelas mulheres,
Kurt agarrou seu rival e dançou com ele como um adolescente desajeitado
num baile de formatura.
Novoselic, enquanto isso, se viu confrontado por Duff McKagan, do
Guns N' Roses, e dois guarda-costas, procurando briga. Krist, Courtney e
Frances estavam dentro do trailer da banda quando a entourage tentava
infrutiferamente tombá-lo.
Kurt não viu isso porque tinha ido embora para não perder o toque
de recolher do Exodus. "Foi muito engraçado o que você fez", disse Finnerty
enquanto ele entrava na van para ir embora. "È mesmo", disse Kurt. Ele
estava sorrindo como um garotinho que havia embaraçado seus professores,
mas fugira para importuná-los novamente outro dia.
Uma semana depois do MTV Awards, Kurt se reuniu em sua casa
em Alta Loma com Robert Hilburn, do Los Angeles Times, para sua primeira
entrevista importante em seis meses. Foi a primeira vez que ele foi
ligeiramente honesto com alguém da imprensa sobre seu vicio na heroína —
mais da metade da entrevista impressa dizia respeito a sua luta com a droga
e a saúde.
Kurt admitiu ter problemas com heroína, mas minimizou seu
alcance. Ele disse, corretamente, que sua experiência com Narcóticos antes
da gravação de Nevermind se resumia apenas a consumos "Superficiais",
mas quando falou sobre seu uso depois disso, ele o minimizou, chamando-o
de "um pequeno hábito", e descrevendo sua fase de viciado como "três
semanas", ele disse que "escolhera usar drogas", repetindo a expressão de
seus próprios diários.
Muitos de seus comentários, sobre sua saúde e sua vida, eram
matizados pela presença de Frances, que ele segurava nos braços durante a
entrevista. "Eu não quero que minha filha cresça para algum dia ser
importunada por outras crianças na escola [...] Eu não que as pessoas lhe
digam que seus pais eram drogados", disse ele. "Eu sabia que quando tivesse
um filho eu ficaria desarmado, e é verdade [...] Eu não sei lhe dizer o quanto
minha atitude mudou desde que tivemos Frances. Segura meu bebê é a
melhor droga do mundo."
Ele falou sobre como estivera perto de abandonar o Nirvana, mas
disse que a banda estava agora em bases sólidas. Eles planejava gravar "um
disco realmente cru", e poderiam excursionar novamente, sugeriu ele. Mas
descartou a idéia de uma excursão demorada, avisando que sua saúde frágil
o impedia. "Pode ser que não façamos mais nenhuma excursão longa",
contou ele a Hilburn. "Prefiro ficar saudável e vivo. Não quero me sacrificar
nem sacrificar minha família". A entrevista representou um avanço
emocional para Kurt; sendo sincero sobre seu vicio, ele havia eliminado
parte da vergonha a ele associada. Quando Kurt descobriu que era
aplaudido por sua honestidade, em vez de ser evitado, sentiu-se como um
homem condenado a uma execução pública que teve a surpresa de ser
perdoado no ultimo instante. Logo que o artigo de Hilburn foi publicado, ele
refletia em seu diário sobre sua situação de vida naquele momento: "Às vezes
me pergunto se eu não poderia muito bem ser o rapaz mais feliz do mundo.
por algum motivo, fui abençoado com montes de coisas caprichadas no
ultimo ano e realmente não acho que essas bugigangas e presentes foram
obtidos pelo fato de eu ser um ídolo adolescente internacional amado e
aclamado pela critica, vocalista louro semidivino, enigmaticamente honesto.
Discurso sincero gaguejante obstrução articuladamente discurso de
recepção de prêmios, rapaz de ouro, astro do rock que finalmente, e
finalmente saiu do armário em relação a seu vicio de droga de dois meses
viscosos, banhando o mundo com o clássico "eu não posso mais manter isto
em segredo por que me dói esconder qualquer parte de minha vida privada
de meus fã adoradores, preocupados, tipo nós-pensamos-em-você-comonosso-
personagem-de-cartum-de-dominio-publico-mas-ainda-amamosvocê."
Sim, minhas crianças, nas palavras de um total esquisitão, falando
em nome do mundo, "nos gostamos muito por você finalmente ter admitido
aquilo de que o temos acusado, precisávamos ouvir isto porque estávamos
preocupados porque as fofocas e brincadeiras maliciosas e a especulação em
nossos trabalhos, escolas e festas tinham se tornado, bem, hã, esgotadas".

PENNYROYAL TEA



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