quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Kurt Cobain: A Lenda que não morreu!


   É com um prazer imenso que faço a primeira postagem a essa pessoa, o ídolo de gerações e que revolucionou o rock, de um jeito simples, mas divertido, depressivo e emocionante.
   Já faz mais de 17 anos da sua morte mais mesmo assim é um personagem do mundo do Rock um dos mais consagrados, seu estilo de vestir com calça rasgada, all star e camisa de flanela, não deixaram de ser vestido pelos jovens dos tempos atuais, tá longe de disser que Kurt Donald Cobain deixou de existir nesse mundo tão maluco que vivemos. Podemos falar das suas fabulosas e caríssimas guitarras fender que não duravam além de um único show, elas se tornavam verdadeiros homens bombas ou será guitarras bombas, pois se sacrificavam por um motivo show. Como esquecer de falar de seus shows, um diferente do outro que o público ou/e os fãs ficavam curiosos de saber o que iria acontecer, vamos dizer era um verdadeiro improviso,  melhor do que assistir a improvisação de hap ou repentistas, sem no som da banda Nirvana do grupo em geral, um fazia parte do outro, a distorção de sua guitarra que com notas tão simples e na maioria das vezes com notas naturais faziam sons imagináveis  e ciclonizando com sua rasgante e bela voz, fazia o público se agitar e enlouquecer. Como podemos esquecer do admirável baterista Dave Grohl, hoje vocalista do Foo Fighters, que com suas baquetas tocava um estilo diferente e provocante, e por ultimo e não menos importante o gigante Baixista Krist Novoselic, excelente baixista que fazia a diferença em cima do palco e também ajudava Kurt a fazer a bagunça, ou seja, a destruição dos instrumentos.
   Já que relembrei dessa incomparável banda e pessoa que foi Kurt Cobain nessa primeira postagem vou falar hoje um pouco da sua infância. Baseado no livro: "Heavier Than heaven (Mais Pesado Que o Céu) Uma Biografia de Kurt Cobain" de Charles R. Cross.




Aberdeen, Washington,
Fevereiro de 1967- Dezembro de 1973


KURT DONALD COBAIN nasceu no dia 20 de fevereiro de 1967,
num hospital em uma colina que dá vista para Aberdeen, estado de
Washington. Seus pais moravam na vizinha Hoquiam, mas era adequado
que Aberdeen ficasse como local de nascimento de kurt — ele passaria três
quartos de sua existência no raio de dezesseis quilômetros do hospital e
estaria para sempre ligado profundamente a esta paisagem. Quem quer que
olhasse do Hospital Comunitário Grays Harbor naquela segunda-feira
chuvosa teria visto uma terra de beleza rude, onde florestas, montanhas,
rios e um oceano poderoso se cruzavam numa vista magnífica.
Montes arborizados circundavam a interseção de três rios que
desembocavam no oceano pacífico não muito distante dali. No cento de tudo
isto estava aberdeen, a maior cidade no condado de Grays Harbor, com uma
população de 19 mil habitantes. imediatamente a oeste ficava a menor
Hoquiam, onde os pais de kurt, Don e Wendy, moravam em um minúsculo
bangalô.
E ao sul, depois do rio Chehalis, ficava Cosmopolis, de onde era a
família de sua mãe, os Fradenburg. Num dia sem chuva — raro na região
que recebia uma precipitação de mais de duzentos centímetros cúbicos de
água por ano — podia-se ver os quase quinze quilômetros até Montesano,
onde crescera Leland Cobain, avô de kurt. Era um mundo bem pequeno,
com tão poucos graus de separação que kurt acabaria se tornando o mais
famoso produtor de Aberdeen.
A vista do Hospital de três Andares Era dominado pelo sexto porto
de maior movimento na Costa Oeste. Havia tantas peças de madeira
flutuando no Chehalis que dava para imaginar utiliza-las para atravessar os
mais três quilômetros da foz. A leste ficava o centro de Aberdeen, onde os
comerciantes se queixavam de que o barulho constante dos caminhões de
madeira espantava os clientes. Era uma cidade que trabalhava e esse
trabalho dependia quase totalmente da transformação comercial dos
pinheiros das colinas circundantes. Aberdeen abrigava 37 estabelecimentos
madeireiros diferentes, desde simples serrarias até usinas de produção e
polpa — suas chaminés chegavam a fazer parecer pequeno o prédio mais
alto da cidade, que tinha apenas sete andares. logo abaixo do hospital na
colina ficava a gigantesca chaminé da Usina Rayonier, a maior torre de
todas, que se elevava a mais de 45 metros de altura e vomitava uma
interminável nuvem celestial de efluentes de polpa de madeira.
Porém, enquanto Aberdeen zumbia em movimento na época do
nascimento de kurt, sua economia estava lentamente se encolhendo. O
condado era um dos poucos no estado com uma população em declínio, já
que os desempregados iam tentar a sorte em outros lugares. a indústria
madeireira começara a sofrer as conseqüências da competição estrangeira e
da superexploração florestal. A paisagem já mostrava sinais claros desse
desgaste: havia faixas de floresta derrubadas nos arredores da cidade, agora
simplesmente um lembrete dos primeiros colonos que haviam "tentado
cortar tudo", como diz o titulo de um livro sobre a historia local. O
desemprego cobrava da comunidade um preço social mais pesado, na forma
de aumento do alcoolismo, violência domestica e suicídio. havia 27 bares em
1967 e o centro da cidade incluía muitos prédios abandonados, alguns dos
quais haviam sido bordéis antes de serem fechados no final dos anos 50. A
cidade tinha tamanha má fama pelos prostíbulos que, em 1952, a revista
look a chamou de "um dos pontos quentes na batalha americana contra o
pecado".
No entanto, o malogro urbano do centro de Aberdeen era
compensado por uma comunidade social de vínculos estreitos onde vizinhos
ajudavam vizinhos, pais se envolviam nas escolas e os laços familiares
permaneciam fortes entre uma população diversificada de imigrantes. As
igrejas somavam maior numero que os bares e eram lugares onde, como
muitas cidade pequenas americanas de meados dos anos 60, as crianças de
bicicleta tinham rédeas soltas em seus bairros. A cidade inteira se tornaria o
quintal de kurt em sua infância.
Como a maioria dos primogênitos, o nascimento de Kurt foi
celebrado tanto por seus pais como por toda a família. Ele tinha seis tias e
tios pelo lado da mãe, e dois tios pelo lado do pai e era o primeiro neto de
ambas as famílias.
Eram famílias grandes, e, Quando a mãe de kurt foi imprimir os
anúncios do nascimento, gastou cinqüenta deles só para os parentes mais
próximos. Uma linha na coluna de nascimentos do Aberdeen Daily Word no
dia 23 de fevereiro registrava a chegada de kurt para o resto do mundo:
"Para o sr. e sra. Donald Cobain, avenida Aberdeen, 2830, Hoquiam, dia 20
de fevereiro, no Hospital Comunitário,um filho".
Kurt pesava três quilos e quatrocentos gramas ao nascer e seu
cabelo e a cor de pele eram escuros. Dentro de cinco meses, seu cabelo de
bebê se tornaria louro e seu tom de pele passaria a ser claro. A família de
seu pai tinha raízes francesas e irlandesas — haviam imigrado de Skey
Townland em Country Tyrone, Irlanda, em 1875 — e Kurt herdou seu
Queixo anguloso desse lado da família, dos Fradenburg do lado de sua mãe
— que eram alemães, irlandeses e ingleses —, kurt ganho bochechas
rosadas e cachos louros, mas seu traço mais marcante era, de longe, seus
notáveis olhos azul-celeste; até as enfermeiras no hospital comentavam
sobre a beleza de seus olhos.
Eram os anos 60, uma guerra avançava no Vietnã, mas exceto a
ocasional divulgação de noticias, Aberdeen se parecia mais com os Estados
Unidos dos anos 50. No dia em que kurt nasceu, o Aberdeen Daily Word
destacava a grande noticia de uma vitória americana na cidade de Quang
ngai ao lado de matérias sobre o porte da extração de madeira e anúncios da
JcPenney, onde uma venda do dia do aniversario de Washington oferecia
camisa de flanela a 2,48 dólares. Quem tem medo de Virgínia Woolf? tinha
recebido treze indicações para o Oscar da Academia em Los Angeles naquela
tarde, mas o drive-in de Aberdeen estava exibindo Girls on the Beach.
Aos 21 anos de idade, o pai de kurt, Don, trabalhava como
mecânico no posto de serviços da chevron em Hoquiam. Don era bonitão e
forte, mas, com seu corte de cabelo curto e penteado para o lado e seus
óculos estilo Buddy Holly tinha um certo ar ridículo. Aos 19 anos, Wendy, a
mãe de kurt, ao contrario, era uma beleza clássica que parecia e se vestia
um pouco como Márcia Brady. O casal havia se conhecido no colegial, onde
Wendy tinha o apelido de "Brisa".
No Mês de junho do ano anterior, poucas semanas depois da sua
formatura no colegial, Wendy engravidou, Don pediu emprestado o sedan de
seu pai e inventou uma desculpa para que os dois pudessem viajar até
Idaho, e se casar sem o consentimento dos pais.
Na época do nascimento de kurt, o jovem casal estava morando em
uma casa minúscula no quintal de outra casa em Hoquiam. Don trabalhava
até tarde no posto de serviços enquanto Wendy cuidava do bebê. Kurt
dormia num moisés branco de vime com um anteparo amarelo brilhante no
alto. O dinheiro era curto, mas, poucas semanas depois do nascimento, eles
conseguiram poupar o bastante para deixar a minúscula casa e se mudar
para uma maior na avenida Aberdeen, 2830. "O aluguel", contou Don, "era
de apenas cinco dólares a mais por mês, mas, naquele tempo, cinco dólares
era um bocado de dinheiro."
Se houve um presságio de problemas em casa, este começou em
torno das finanças.
Embora Don tivesse sido designado como o "principal" na chevron
no início de 1968, seu salário era de apenas 6 mil dólares anuais.A maioria
de seus vizinho e amigos trabalhava na indústria madeireira, onde os
empregos eram fisicamente exigentes — uma pesquisa descrevia a profissão
como "mais mortal do que a guerra" — mas com retornos salariais maiores.
Os Cobain procuravam a duras penas se manter no orçamento, embora,
quando se tratava de kurt, procurassem garantir que ele estivesse bemvestido
e até pagavam profissionais para fazerem fotos dele. Em uma série de
retratos desta época, kurt está trajando camisa branca, gravata preta e
ternos cinza, parecendo O Pequeno Lorde — ele ainda tinha as bochechas
gordas e roliças de bebê.Em outra, ele veste colete e paletó azuis e um
chapéu mais adequando a Phillip Marlowe do que a um menino de um ano e
meio.
Em maio de 1968, quando Kurt estava com quinze meses de vida,
Mari a irmã de catorze anos de Wendy, escreveu um trabalho sobre seu
sobrinho para o seu curso de economia doméstica. "Sua mãe cuida dele a
maior parte do tempo", escreveu Mari "[Ela] demonstra seu afeto carregandoo,
fazendo-lhe elogios quando ele merece e participando em muitas de suas
atividades. Ele responde ao seu pai porque, ao vê-lo, ele sorri e gosta que seu
pai o carregue. Ele deu a conhecer seus desejos gritando alto no começo,
depois chorando, se a primeira técnica não funcionar. Mari registrou que a
brincadeira favorita dele era um adulto se esconder e aparecer
repetidamente, seu primeiro dente nasceu aos oitos meses e sua primeira
dúzia de palavras foram "coco, momma, dadda, ball, toast, bye-bye, hi, baby,
me, love, hot dog e kittie".
Mari listava entre seus brinquedos favoritos uma gaita, um
tambor, uma bola de basquete, carros, caminhões, blocos, uma bancada de
pinos de martelar, uma tevê de brinquedo e um telefone. Sobre a rotina
diária de kurt. Ela escreveu que "sua reação ao sono é chorar quando é
deitado para dormir. Ele está tão interessado na família que não quer deixálos".
Sua tia concluía: "É um bebê feliz, sorridente e sua personalidade está
se desenvolvendo desse modo por causa da atenção e do amor que está
recebendo".
Wendy era uma mãe cuidadosa, lendo livros sobre aprendizagem,
comprando baralhos pedagógicos e, com a ajuda se seus irmãos e irmãs,
garantindo que kurt recebesse assistência adequada, A família ampliada
como um todo se reunia na celebração desta criança e kurt prosperava com
a atenção.
"Mal consigo expressar em palavras a alegria e a vida que kurt
trouxe para nossa família", lembrou-se Mari. "Ele era este pequeno ser
humano muito efervescentes. Tinha carisma já quando bebê. Era engraçado,
e era também brilhante". Kurt era tão inteligente que quando sua tia não
conseguiu imaginar como baixar sua caminha, ele mesmo o fez, com apenas
um ano e meio de idade.
Wendy estava tão apaixonada pelas travessuras de seu filho que
alugou uma câmera super-8 e filmou-o — uma despesa com que a família
mal podia arcar. Um desse filmes mostra um garotinho feliz e sorridente
cortando o bolo de aniversário de dois anos e parecendo ser o centro do
universo de seus pais.
Em seu segundo Natal,Kurt já estava demonstrando interesse pela
música. Os Fradenburg eram uma família Musical — Chuck, o irmão mais
velho de Wendy, estava numa banda chamada os Beachcombers; Mari
tocava violão e o tio-avô Delbert tinha uma carreira como tenor
irlandês,chegando a figura no filme The King of Jazz. Quando os Cobain
visitaram Cosmopolis, kurt ficou fascinado pelas jam sessions da família,
Suas tias e tios o gravaram cantando "hey jude" dos Beatles, "Motorcycle
Song" de arlo guthrie, e o tema do programa da televisão The Monkees. Kurt
gostava de compor suas próprias letras desde garotinho.Quando estava com
quatro anos, depois de voltar de um passeio até o parque com Mari, sentouse
ao piano e fez uma canção rudimentar sobre a aventura. "Nós fomos ao
parque, comemos doce", dizia a letra. "Fiquei simplesmente atônita",
lembrou Mari. Eu devia ter ligado o gravador — provavelmente foi sua
primeira canção."
Pouco depois de fazer dois anos, kurt criou um amigo imaginário a
quem chamava de Boddah. Seus pais acabaram ficando preocupados com
sua ligação com esse amigo fantasma e, por isso, quando foi enviado ao
Vietnã disseram a kurt que Boddah também havia sido recrutado. Mas kurt
não engoliu totalmente essa história. Aos três anos, ele estava brincando
com o gravador de sua tia, que estava ajustado para "ecoar". kurt ouviu o
eco e perguntou: "esta voz está falando comigo? Boddah? Boddah?."
Em setembro de 1969, quando kurt tinha dois anos e meio, Don e
Wendy adquiriram sua primeira casa na rua East First, 1210, em Aberdeen.
Era um Sobrado de 92 metro quadrados com um jardim e uma garagem.Eles
pagaram 7.950 dólares por ele. A residência, datada de 1923, estava situada numa vizinhança ocasionalmente apelidada em tom pejorativo de "apês do
crime". Ao norte da casa de cobain ficava o rio Wishkah, que freqüentemente
transbordava, e a sudeste ficava a ribanceira de mato que os moradores
locais chamavam de "Morro do Think of Me" — na virada do século a
ribanceira exibia um anúncio dos cigarros Think of Me.
Era uma casa de classe média num bairro de classe média, que
Kurt mais tarde descreveria como "pobretão posando de classe média". O
andar térreo continha a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha e o quarto
de Wendy e Don. O de cima tinha três cômodos: um pequeno quarto de
brinquedos e dois dormitórios, um dos quais se tornou o quarto de kurt. O
outro estava destinado á futura irmã de kurt — naquele mês, Wendy
descobria que estava grávida de novo.
Kurt tinha três anos quando sua irmã Kimberly Nasceu. Mesmo
quando já era uma garotinha. Ela parecia muito com seu irmão, com os
mesmos olhos azuis Hipnóticos e o cabelo louro-claro. Quando Kimberly foi
trazida do Hospital para casa, Kurt insistiu em carregá-la para dentro de
casa. "ele a amava muito", lembrou-se seu pai "e, no começo, eles foram
amados juntos". A diferença de três anos era ideal porque o cuidado com ela
se tornou um dos principais assuntos de kurt. Isso marcou o inicio de um
traço de personalidade que acompanharia kurt para o resto de sua vida —
ele sempre era sensível ás necessidades e sofrimentos dos outros, ás vezes
até excessivamente.
Ter dois filhos alterou a dinâmica da família Cobain e o tempo de
lazer que tinham era preenchido por visitas ou pelo interesse de Don por
esportes de quadra. Don participava de uma liga de basquete no inverno e
jogava numa equipe de beisebol no verão, e grande parte de sua vida social
do casal implicava ir a jogos ou eventos pós-jogos. Por meio dos esportes, os
Cobain conheceram e ficaram amigos de Rod e Dres Herling. "Eles eram uma
boa família e faziam muitas coisas com os filhos", lembrou-se Rod Herling.
Comparados com os outros americanos dos anos 60, eram também bastante
enquadrados: na época, ninguém em seu círculo social fumava maconha e
Don e Wendy raramente bebiam.
Numa noite de verão, os Herling estavam na casa dos Cobain
jogando cartas,quando Don entrou na sala e anunciou: "Achei um rato".
Ratos eram comuns em Aberdeen por causa da baixa elevação e da
abundância de água.
Don começou a confeccionar uma lança rudimentar prendendo
uma faca de cortar carne a um cabo de vassoura. Isto despertou o Interesse
de kurt, então com cinco anos de idade, que seguiu o pai até a lata de lixo
na garagem, onde o roedor estava. Don disse a kurt para ficar para trás, mas
isto era impossível para uma criança com tamanha curiosidade e o menino
continuou a avançar aos poucos até que estava segurando a perna da calça
do pai. O plano era Rod Herling erguer a tampa da lata e Don utilizar sua
lança para acertar o rato. Herling ergueu a tampa da lata, Don lançou o cabo
de vassoura, mas errou o alvo e a lança fincou o assoalho. Enquanto Don
tentava em vão arrancar a lança, o rato — num ritmo lento e canhestro —
arrastou-se pelo cabo de vassoura acima, disparou pelo ombro de Don e caiu
no chão, passando correndo sobre os pés de kurt enquanto saía da garagem.
Isto aconteceu numa fração de segundos, mas a combinação do olhar no
rosto de Don com o tamanho dos olhos de kurt levaram todos a cair na
gargalhada.
Eles riram durante horas com este incidente, que se tornaria uma
peça do folclore da família: "Ei, você se lembra daquela vez que papai tentou
espetar o rato?" Ninguém ria mais do que kurt, mas aos cinco anos de idade
ele ria a tudo. Era uma risada gostosa, como o som de um bebê sentido
cócegas, e isso era um refrão constante.
Em setembro de 1972, Kurt entrou na pré-escola na Escola
Elementar Robert Gray, três quadras ao norte de sua casa, Wendy foi com
ele até a escola no primeiro dia, mas depois disso ele ia sozinho: a
vizinhança em torno da rua First passou a ser seu território. Ele era bem
conhecido de seus professores como um aluno precoce e perguntador, com
uma lancheira do Snoopy. Em seu boletim daquele ano, o professor anotava
"muito bom aluno". Ele não era tímido. Quando um filhote de urso foi trazido
para uma atividade de exposição a classe, kurt foi um dos únicos garotos
que posaram com ele para fotos.
O tema em que ele mais se superava era arte. Com a idade de
cinco anos, já estava claro que tinha excepcionais talentos artísticos; estava
criando pinturas que pareciam realistas. Tony Hirschman conheceu kurt na
pré-escola e ficou impressionado com a habilidade de seu colega de classe;
"Ele conseguia desenhar qualquer coisa. Uma vez, estávamos olhando para
imagens de lobisomens e ele desenhou um que parecia igual a foto". Uma
série de desenhos que kurt fez naquele ano retratava o Aquaman, o Mostro
do lago negro, o Mickey e o Pluto.
Todo feriado ou aniversário, A família o presenteava com materiais
de desenho e pintura e seu quarto começou a assumir a aparência de um
ateliê de arte.
Kurt Foi incentivado na arte por sua avó paterna, Íris Cobain, Ela
era uma colecionadora de ilustrações que Norman Rockwell havia feito para
o Sturday Evenig Post, na forma de pratos de Franklin Mint. Ela própria
recriou muitas das imagens de Rockwell no bordado — e sua mais famosa
pintura, "Freedon Fron Want" (liberdade de necessidade), que mostrou a
essência do jantar americano de Ação de Graças, ficava pendurada na
parede do amplo trailer da avó em Montesano. Íris até convenceu Kurt a
junta-se a ela em um artesanato favorito: usar palitos de dente para gravar
reproduções toscas das imagens de Rockwell nas copas de cogumelos recémcolhidos.
Quando esses cogumelos gigantes secavam, os rabiscos do palito
de dentes permaneciam, como entalhes elaborados de gente de roça. O
marido de Íris e avô de kurt, Leland Cobain, não era propriamente um
artista — ele operava uma niveladora de asfalto, que havia lhe custado
grande parte da audição —, mas ensinava a kurt a trabalhar a madeira.
Leland era um personagem ríspido e rabugento e, quando seu neto mostrou
a ele uma imagem de Mickey que havia desenhado (Kurt adorava os
personagens de Disney), Leland o acusou de tê-lo decalcado. "Eu não
decalquei", disse kurt. "Você decalcou, e muito", respondeu leland. Leland
deu a kurt um novo pedaço de papel e um lápis e o desafio: "Tome, desenhe
outro pra mim e me mostre como você fez". O garoto de seis anos se sentou
e, sem nenhum modelo, desenhou uma ilustração quase perfeita do Pato
Donald e outra do Pateta. Ele ergueu os olhos do papel com um Sorriso
arreganhado, igualmente satisfeito tanto por mostrá-lo a seu avô como pela
criação de seu adorado pato.
Sua criação se estendia cada vez mais para a musica. Embora ele
nunca tivesse recebido aulas de piano, conseguia martelar de ouvido uma
melodia simples. "Mesmo quando era um garotinho", lembrou sua irmã Kim,
"ele se sentava e tocava alguma coisa que ouvira no rádio. Conseguia
expressar artisticamente no papel ou em musica tudo o que ele imaginava".
Para incentiva-lo, Don e Wendy compraram uma bateria do Mickey, que Kurt
martelava vigorosamente todo dia após a escola.
Embora adorasse a bateria de plástico, ele gostava mais da bateria
de verdade da casa do tio Chuck, já que conseguia fazer mais barulho com
ela. Ele também gostava de pendurar no ombros a guitarra da sua Tia Mari,
ainda que ela fosse tão pesada e fizesse seus joelhos se curvarem. Ele batia
nela enquanto inventava canções. Naquele ano comprou seu primeiro disco,
um compacto simples meloso de Terry Jacks chamado "Seasons in the Sun".
Kurt adorava examinar os discos de suas tias e tios, Certa
vez,quando tinha seis anos, foi visitar tia Mari e escarafunchar sua coleção
de discos procurando um disco dos Beatles — ele estava entre seus
favoritos. De repente kurt gritou e correu em pânico até sua tia.Estava
trazendo um exemplar de Yesterday and Today dos Beatles, com a infame
"capa do açougueiro", uma ilustração mostrando os integrantes da banda
com pedaços de carne em cima deles. "Aquilo me fez perceber o quanto ele
era impressionável com aquela idade", lembrou-se Mari. Ele também era
sensível á tensão cada vez maior que percebia entre seus pais.
Durante os primeiros anos de vida de Kurt, não houve muitas
brigas em casa, mas também não houvera evidência de um grande caso de
amor. Como muitos casais que se casavam jovem, Don e Wendy eram duas
pessoas esmagadas pela circunstâncias.
Seus filhos se tornaram o centro de suas vidas e o pouco romance
que existira no breve tempo que tiveram antes dos filhos era difícil de
reacender. As pressões financeiras assombravam Don; Wendy era
consumida pelos cuidados com as crianças.
Passaram a discutir mais e a gritar um com o outro na frente dos
filhos. "Você não faz idéia de como eu dou duro no trabalho", gritava Don
para Wendy, que fazia eco á queixa do marido.
No entanto, para Kurt, havia muita alegria em sua primeira
infância. No verão, passavam férias na cabana da família Fradenburg em
Washaway Beach, na costa de Washington. No inverno, iam andar de trenó.
Raramente nevava em Aberdeen, por isso iam de carro até as pequenas
colinas depois da cidade madeireira de Porter e até a montanha Fuzzy Top.
Seus passeios de trenó sempre seguiam um padrão similar; estacionavam,
tiravam do carro um tobogã para Don e Wendy, um disco prateado para Kim
e o pequeno trenó de Kurt, e se preparavam para deslizar montanha abaixo.
Kurt agarrava seu trenó, tomava um lugar de partida e se inclinava do jeito
que um atleta se preparava o salto em distância. Quando chegava na base
da montanha, acenava para os pais, sinal de que sobreviveram á viagem. O
resto da família fazia o mesmo e todos caminhavam juntos de volta ao topo.
Repetiam o ciclo horas a fio, até que escurecia ou que Kurt tombava exausto.
Quando se dirigiam para o carro, Kurt os fazia prometer que voltariam no
próximo fim de semana. Mais tarde, Kurt lembraria desses momentos como
as lembranças mais caras da sua infância.
Quando Kurt estava com seis anos, a família foi até um estúdio no
centro da cidade para fazer um retrato formal de Natal. Na foto, Wendy está
sentada no centro do quadro com um refletor atrás de sua cabeça, criando
uma aura; ela está numa enorme cadeira de espaldar alto, trajando um
vestido vitoriano longo de faixas brancas e rosa e babados nos punhos. No
pescoço traz uma gargantilha negra e seu cabelo louro-morango está caindo
sobre os ombros, repartindo ao meio, sem uma única mecha fora do lugar.
Com sua postura perfeita, e o modo como seus punhos seguram os braços
da cadeira, ela parece uma rainha.
Kim,com três anos, está sentada no colo da mãe. Com um vestido
branco longo e sapatos de couro e verniz preto, ela se apresenta como uma
versão em miniatura da mãe. Ela está olhando direto para a câmera e tem o
aspecto de uma criança que poderia começar a chorar a qualquer momento.
Don está em pé atrás da cadeira, próximo o bastante para estar no
quadro, embora distraído. Seus ombros estão ligeiramente curvados e ele
mostra um ar mais bestificado do que um sorriso legítimo.Está trajando uma
camisa púrpura-clara de mangas compridas com um colarinho de quatro
polegadas e um colete cinzento — é um traje que Steve Martin ou Dan
Aykroid poderiam vestir para seu quadro "Wild and crazy guys" (tipos
rústicos e malucos) no Saturday Night Live. Ele tem nos olhos um olhar
distante, como se estivesse se perguntando por que tinha sido arrastado
para o estúdio fotográfico quando poderia estar jogando bola.
Kurt está em pé mais á esquerda, na frente do pai, a cerca de meio
metro da cadeira. Está vestindo um conjunto de calça e colete listrado em
dois tons de azul e uma camisa vermelha de mangas compridas que é um
pouco grande para ele, as mangas cobriam-lhe parcialmente as mãos. Como
o verdadeiro animador da família, ele não está somente sorrindo, está rindo.
Ele parece claramente feliz — um garotinho se divertindo num sábado com a
família.
E uma família de feições muito bonita e as aparências externas
sugerem um Pedigree inteiramente americano — cabelo alinhado, dentes
brancos e roupa bem passadas, tão estilizadas que poderiam ter saído de
uma catálogo de Sears do inicio dos anos 70. Entretanto, um olhar mais
atento revela uma dinâmica que mesmo para o fotógrafo deve ter sido
dolorosamente óbvia é o retrato de uma família, mas não de um casamento,
Don e Wendy não estão se tocando e não há sugestão de afeto entre eles; é
como se não estivessem no mesmo quadro. Com kurt postado na frente de
Don, e Kim sentada no colo de Wendy, poderíamos facilmente pegar uma
tesoura e recortar a foto e a família — bem no meio. Ficaríamos com duas
famílias separadas, cada uma com um adulto e uma criança, cada uma com
um gênero específico as roupas vitorianas de um lado e os meninos de
colarinho largo no outro.

Em baixo está o vídeo da música In Bloom,
 não esqueçam de comentar sobre o texto e o vídeo!

In Bloom

Aguarde em breve o segundo capítulo...