domingo, 16 de outubro de 2011

Kurt Cobain: A Lenda que não morreu! 6ª Parte



NÃO O AMAVA BASTANTE

Aberdeen, Washington,
Setembro de 1986 - Março de 1987

"Obviamente eu não o amava bastante, tal como agora amo."
Um registro em diário de 1987.

NO DIA 1º DE SETEMBRO DE 1986, Wendy emprestou duzentos
dólares a Kurt — o bastante para um depósito e o primeiro mês de aluguel —
e ele se mudou para sua primeira "Casa". Essa descrição legal da estrutura
na rua Second 1000 e meio —, leste, em Aberdeen era excessivamente
generosa; tratava-se de um barraco que, em muitos outros municípios,
poderia ter sido condenado como inabitável nos termos de qualquer código
de edificação válido. O teto estava apodrecendo, as pranchas do assoalho da
varanda da frente haviam descido para o cão, e não havia nem geladeira nem
fogão. A planta baixa era estranhamente dividida em cinco aposentos
minúsculos: duas salas de estar, dois quartos e um único banheiro. ELa
ficava nos fundos de outra casa e este era o motivo para o estranho
endereço.
Entretanto, a localização — a duas quadras da casa da mãe — era
ideal para um jovem de dezenove anos que não estava inteiramente livre do
controle psíquico de Wendy. A relação entre os dois havia melhorado no ano
anterior. Com Kurt fora da casa, os dois se aproximaram emocionalmente;
ele ainda precisava muito da aprovação e atenção de Wendy, ainda que
ocultasse essa vulnerabilidade. De vez em quando, ela lhe trazia comida e ele
podia ir até a casa dela para lavar suas roupas, usar o telefone ou assaltar a
geladeira, tudo isso desde que seu padrasto não tivesse por perto. O barraco
ficava próximo ao Exército da salvação e atrás de um supermercado. Uma
vez que lá não tinha geladeira, Kurt guardava cerveja numa caixa de gelo na
varanda dos fundos até que os garotos do vizinho descobriram. para dividir a
casa, Kurt escolheu Matt Lukin, dos Melvins. Kurt sempre desejara estar nos
Melvins: morar com Lukin foi o mais próximo que ele conseguiu. A principal
contribuição de Kurt para a casa foi colar uma banheira cheia de tartarugas
no meio da sala de estar e fazer um furo no assoalho para que os resíduos
das tartarugas escoassem para debaixo das tábuas. Lukin pelo menos usou
suas habilidades de construção para tentar reorganizar as paredes. Como
uma vantagem adicional, Lukin tinha 21 Anos, portanto poderia comprar
cerveja. O Gordo logo se tornaria uma lembrança distante.
Foi uma casa de festas e, por fim, uma casa de banda. Com Lukin
como companheiro de casa, Buzz Osborne e Dale Crover os visitavam com
freqüência e, uma vez que a sala de estar estava cheia de equipamentos de
banda, havia sessões de improviso. Uma turma variada de "Cling-Ons" dos
melvins passou a morar no barraco. Embora grande parte dos laços se
centrasse em torno da meta de se embriagar, esse período tranqüilo na rua
Second, leste, foi o mais social da vida de Kurt. Ele se tornou amistoso com
os vizinhos ou pelo menos com os garotos adolescentes, quem eram vítimas
da síndrome de alcoolismo fetal — o que não o impedia de lhes dar cerveja.
Outro vizinho, um idoso senil apelidado de "Hippie Lynyrd Skynyrd" o
visitava todo dia para ouvir o disco dos grandes sucessos do Lynyrd Skynyrd
de Kurt, enquanto batucava.
Para pagar o aluguel, Kurt arranjou emprego como responsavel
pela manutenção do Polynesian Condominium Resort na vizinha Ocean
Shores. Ele tomava o ônibus para a viagem de quarenta quilômetros até a
estância litorânea. Era um trabalho fácil, já que sua principal atribuição era
a reparar coisas e a estância de 66 quartos não estava precisando de
reparos. Quando surgiu uma vaga de arrumadeira, ele indicou a namorada
de Krist, Shelli. "Ele costumava dormir no ônibus", relembra. "Era engraçado
porque ele realmente não fazia nada de manutenção. Ele dormia nos quartos
do motel ou ia assaltar as geladeiras nos quartos depois que as pessoas
saiam." Uma vantagem do emprego, além do salário inicial de quatro dólares
por hora, era que ele tinha apenas de vestir uma camisa de trabalho marrom
e não um uniforme atemorizante.
Ele se gabava com os amigos sobre a facilidade do cargo —
descrevendo o como "bundinha da manutenção" — e de como ele conseguia
passar a maior parte do dia entrando de mansinho nos quartos e vendo tevê,
mas o que não contava a ninguém era que ocasionalmente ele também tinha
de limpar quartos. Kurt Cobain, que era tão péssimo dono de casa que
deveria figurar em algum tipo de galeria da fama, tinha de trabalhar como
uma arrumadeira.
Toda manhã, no ônibus até a estância, normalmente de ressaca,
Kurt sonhava com um futuro que não incluísse esfregar privadas e arrumar
camas.
O que ele de fato pensava, o tempo todo, era formar uma banda.
Era um estribilho constante em sua cabeça e ele passava horas a fio
tentando imaginar como ela poderia ser formada. Buzz havia montado uma
— e se Buzz havia concebido uma, certamente ele também conseguia. Em
dezenas de ocasiões durante o ano de 1987, ele havia viajado como roadie
dos Melvins para apresentações em Olympia, uma cidade universitária a
uma hora de distância a leste, onde observava uma platéia entusiasta do
punk rock, ainda que pequena. Certa vez, foi até Seattle com a banda e,
embora isso significasse que tivesse de fazer força carregando equipamento e
trabalhar sem sono na manhã seguinte, ele provou o gosto de um mundo
mais amplo. Ser roadie dos Melvins não era nenhum trabalho glamuroso:
não havia pouca coisa que escapava de sua diligência. Ele tinha orgulho em
desenvolver-se particularmente quando se tratava do seu desempenho na
guitarra: enquanto carregava o amplificador de Buzz, ele imaginava os
papéis invertidos.
Praticava em todos os momentos que podia e o fato de que estava
melhorando era uma das únicas vias de autoconfiança que ele encontrava.
Suas esperanças foram recompensadas quando Buzz e Dale pediram para
dar uma canja com eles em Olympia, na noite de encerramento de um clube
chamado Gessco. Embora apenas umas doze pessoas assistissem ao show —
o cartaz os havia anuciado como brown Cow —, a noite marcaria sua estréia
diante de um público pagante. No entanto, em vez de tocar guitarra, Kurt leu
poesia enquanto Buzz e Dale esmerilhavam seus instrumentos.
Muitos dos hábitos autodestrutivos e a que ele se entregava no
apartamento rosa ainda eram visíveis no barraco. Tracy Marander, que o
conheceu durante esse período, disse que a quantidade de LSd que ele
ingeria era considerável. "Kurt estava tomando muito ácido, em algumas
semanas até cinco vezes", relembra. Pelo menos em parte a explicação para
esse aumento no uso de drogas era, curiosamente, a lealdade sindical: uma
greve dos supermercados de Aberdeen na época resultou em que ou se tinha
de ir de carro até Olympia para comprar cerveja ou furar um piquete de
grevistas, e a opção habitual de Kurt era tomar ácido. Quando comprava
cerveja, normalmente era "Animal Beer", assim chamada porque as latas
Schmidt eram estampadas com imagens da vida selvagem. Quando tinha
mais dinheiro, Kurt esbanjava na Rolling Rock porque, conforme dizia a seus
amigos, "ela é quase 'rock-and-roll' escrito de trás para diante".
O ano do barracão foi um dos períodos mais longos e mais radicais
do abuso de drogas por parte de Kurt. Anteriormente o seu padrão havia
sido o de cair na bebedeira e depois abster-se, mas morando no barraco ele
se entregava ás drogas como quase a nenhuma outra coisa. "Ele sempre
estava forçando a barra", Lembrou Steve Shillinger, "tomando um pouquinho
mais do que os outros e tão logo não estivesse mais viajando." Quando não
tinha dinheiro para maconha, ácido ou cerveja, voltada a inalar latas de
aerossol. "Ele estava realmente a fim de ficar chapado: drogas, ácido, todo
tipo de droga", Observa Novoselic. "Ele ficava chapadão na metade do dia.
Era um pirado." Continuava também a falar em suicídio e morte precoce.
Ryan Aingner morava a uma quadra de distância e lembra que desde o
momento em que conheceu Kurt, todo dia havia conversas sobre morte.
Certa vez Ryan perguntou a Kurt: "O que você vai fazer quando estiver com
trinta anos?". "Não estou preocupado com o que vai acontecer quando eu
tiver trinta anos", replicou Kurt no mesmo tom que empregaria para discutir
sobre um plugue quebrado, "porque nunca vou chegar aos trinta. Você sabe
como é a vida depois do trinta — eu não quero isso." Para Ryan que
encarava o mundo com o senso de possibilidade de um jovem, o conceito era
tão estranho que ele ficou momentaneamente sem fala. Ryan conseguia
identificar um tormento dentro de Kurt: "Ele tinha o perfil do suicida. Ele
parecia suicida, andava como suicida e falava sobre suicídio".
Ao final da primavera, Kurt havia abandonado o emprego no
resort. Desesperado por dinheiro, ocasionalmente trabalhava como
instalador de carpetes ao lado de Ryan. Os supervisores da companhia de
carpetes gostavam de Kurt e Ryan o informou que havia uma possibilidade
de um emprego integral. Mas Kurt rejeitou essa perspectiva porque a idéia
de trabalho sério lhe era abominável, ele tinha medo de machucar a mão de
guitarrista com as facas de dois gumes usadas para cortar o carpete. "Essas
mãos são importante demais para mim", argumentou Kurt.
"Posso atrapalhar minha carreira de guitarrista." Ele disse que se
cortasse as mãos e ficasse incapaz de tocar, isso poria fim a sua vida.
O mero fato de que Kurt empregasse a palavra "carreira" para
descrever sua música mostra o único ponto em que existia otimismo. As
horas a fio praticando estavam começando a compensar. Estava compondo
canções num ritmo prodigioso, rabiscando cruamente as letras nas páginas
de seu caderno. Estava aprendendo tão depressa e absorvendo tanta coisa
dos shows a que assistia e discos que ouvia que quase dava pra ver seu
cérebro arquitetando um plano. Não havia muita concentração sobre "a
banda", já que não existia nenhuma unidade na época; em vez disso,
arrebatando em sua animação para fazer música, organizou três ou quatro
grupos simultaneamente.
Uma das primeiras formações a praticar no barraco tinha Kurt na
guitarra, Krist no baixo e um baterista local chamado Bob McFadden. Outra
tinha Kurt tocando bateria, Krist na guitarra e Steve "Istant", Newman no
baixo. Chamar a essas formações de grupo, como Kurt fez mais tarde, era
um pouco de exagero: eram reais apenas na cabeça de Kurt e ele os juntava
do jeito que alguém poderia montar uma fantasiosa equipe ideal de futebol.
Observando que os Melvins certa noite haviam recebido sessenta
dólares por uma apresentação, Kurt e Krist formaram uma banda chamada
os Sellouts, que apenas ensaiava canções do Creedence Clearwater Revival,
sabendo que as músicas fariam muito sucesso nos bares de Aberdeen. Kurt
se referia a essa bandas como se tivessem carreira prolongada, quando, em
sua maioria, elas apenas tocavam em ensaios. Somente uma formação a que
chamaram de Stiff Woodies chegou a fazer uma apresentação pública, numa
cervejada de garotos do colégio que os ignoraram.
Embora as Jam sessions e as festas mantivessem Kurt ocupado,
no inicio de 1987 ele já estava desenvolvendo uma atitude de impaciência
com Aberdeen. Seus amigos comentaram que enquanto eles se contentavam
em usar a música como uma maneira divertida de passar uma noite de
sexta-feira, Kurt estava praticando um solo de guitarra ou compondo uma
canção numa manhã de sábado. Tudo o que lhe faltava era um veiculo para
sua visão criativa, mas isso estava prestes a mudar. Ele e Krist começaram a
tocar com um baterista do bairro chamado Aaron Burckhard em um grupo
sem nome; Krist tocava baixo, Burckhard fazia a percussão e Kurt tocava
guitarra e cantava. Era a incubação do Nirvana e a primeira aventura de
Kurt como macho dominante de um grupo musical. Eles praticavam quase
toda noite durante os primeiros meses de 1986, até que Kurt achasse que já
haviam feito o bastante para a noite. Depois do ensaio, iam de carro até o
Kentucky Fried Chicken. Kurt adorava os Chicken Littles do Kfc", lembra
Burckhard. "Uma vez Kurt levou uma fita isolante e fez uma cruz invertida
no interfone do drive-thru. Ficamos observando da van e rindo as
gargalhadas quando os funcionários tiveram de sair para arrancar a fita."
No começo da primavera, Buzz anunciou que estava se mudando
para a Califórnia e os Melvins estavam se dissolvendo. Foi um momento
importante na história da banda de Aberdeen e, ao assistir-lo, Kurt deve ter
achado que estava vendo um judas em seu meio. "O que aconteceu", lembra
Lukin, "Foi que eu fui deixado para trás. A banda estava supostamente
dissolvida, mas era só um jeito de me fazer sair. Buzz disse: 'Ah, não, nem
mesmo vou para uma banda. Só estou mudando para a Califórnia'. Mas, ai,
um mês depois de se mudarem, estavam tocando como os Melvins
novamente. Foi duro, já que foi exatamente do mesmo jeito que Buzz me
havia feito expulsar nosso baterista anterior."
O rompimento de seu companheiro de casa com os Melvins
constituiria um marco importante no desenvolvimento de Kurt: todos
tomaram partido nessa disputa, e Kurt pela primeira vez ousou desafiar
Buzz. "Naquele dia Kurt se afastou artística e emocionalmente dos Melvins",
relembra Ryan. Kurt já conseguias ver que sua própria música de influência
pop jamais iria condizer com as expectativas de Buzz. Embora continuasse a
falar de seu amor pelos Melvins, Kurt começara a superar Buzz como
modelo. Era um passo que precisava ser dado se ele quisesse desenvolver
seu próprio comando e, embora isso fosse doloroso, libertou-se criativamente
e lhe proporcionou espaço artístico.
Kurt e Lukin também estavam se irritando mais um com o outro —
Kurt não gostava de alguns amigos de Lukin. Em um lance inspirado
diretamente por um episódio de I Love Lucy, ele pegou fita crepe e a
desenrolou pelo centro da casa e disse a Lukin e seus amigos que eles
tinham de permanecer no lado deles. Quando um dos amigos de Lukin se
queixou de que precisava atravessar a fita para ir ao banheiro, a resposta de
Kurt foi: "Vá ao banheiro lá do quintal, porque este banheiro está do meu
lado". Lukin se mudou. Kurt morou por algum tempo sem um companheiro
de casa, até que um amigo de Olympia, Dylan Carlson, foi morar com ele.
Cabelos castanhos compridos e uma Barba emaranhada, Dylan parecia um
pouco com Brian Wilson dos Beach Boys em seus tempos de transviado,
mas o que saia de sua boca eram visões ofensivas sobre religião, raça e
política. Dylan era uma figura, mas era brilhante, talentoso e afável —
Qualidade que Kurt admirava. Eles tinham se conhecido no show do Brown
Cow e uma amizade se formara.
Dylan se mudou para Aberdeen, aparentemente para trabalhar
com Kurt assentando carpetes. As tarefas deixavam a desejar: "Nosso chefe
era um bêbado total", lembra Dylan. "Chegávamos de manhã para trabalhar
e ele estava desmaiado no chão do escritório. Certa vez, desmaiou atrás da
porta e não conseguimos abrir para entrar e acordá-lo. "Os empregos se
perderam mas a amizade entre Dylan e Kurt continuou. Com uma banda,
um novo melhor amigo e algumas excelentes canções, foi um Kurt mais
positivo que saudoso 1987 e seu aniversário de vinte anos. E logo,
surpreendentemente, até sua vida sexual prosperaria, quando Tracy
Marander se tornou sua namorada.
Eles se uniram em torno de roedores — tanto Kurt como Tracy
tinham ratos de estimação. Ele a conhecera dois anos antes do lado de fora
de um clipe punk em Seattle — foi o local de uma de suas detenções por
alcoolismo. Ele e Buzz estavam bebendo num carro quando Tracy passou
para dar um alô e Kurt ficou tão encantado que não percebeu um carro de
policia encostando.
Encontraram-se durante o ano seguinte e, no começo de 1987,
consolidaram um relacionamento. "Eu vinha flertando com ele por um bom
tempo", diz Tracy. "Acho que ele tinha muita dificuldade de acreditar que
uma garota realmente gostasse dele."
Tracy era a namorada ideal para Kurt de vinte anos e significaria
um importante em sua trilha para a vida adulta. Era um ano mais velha do
que ele, tinha estado em centenas de shows de punk rock e sabia muito
sobre música, o que era um enorme atrativo sexual para Kurt. Cabelos
escuros, corpo curvilíneo e olhos grandes tão visivelmente castanhos quanto
os dele eram azuis, era uma beleza feita em casa e dotada de uma atitude
pé-no-chão. Cada um que ela encontrava se tornava amigo; nesse ponto,
como em muitos outros, ela não podia ser mais diferente dele. Kurt foi
instantaneamente cativado por ela, embora desde o começo jamais sentisse
que a merecia. Logo no inicio de seu relacionamento, as feridas internas e o
seu padrão de retraimento se manifestaram. Uma das primeiras vezes em
que foram para a cama juntos, ficaram deitados após a emoção do sexo,
quando ela começou a dizer, vendo-o nu: "Meu Deus, você é tão magrinho".
Embora não soubesse, Tracy não poderia ter dito nada que o magoasse
mais. A reação de Kurt foi vestir rapidamente as roupas e sair correndo
porta fora. No entanto, ele voltou. Tracy decidiu que o amaria o bastante
para que seu temor desaparecesse: ela o amaria tanto que ele seria até capaz
de amar a si mesmo. Mas para Kurt esse terreno era traiçoeiro e em cada
canto havia uma desculpa para a dúvida e o temor.
A única coisa de que ele gostou mais do que Tracy naquela
primavera foi Kitty, um ratinho de estimação. Ele havia criado o roedor
desde o nascimento, alimentando-o com um conta-gotas durante as
primeiras semanas. O ratinho normalmente ficava em sua gaiola, mas em
ocasiões especiais Kurt o deixava correr pela casa, já que um pouco de cocô
de rato não iria manchar o encardido carpete. Certo dia, enquanto Kitty
estava correndo pelo barraco, Kurt viu uma aranha no teto e mandou Kitty
pegá-la. "Eu disse: "Está vendo aquela safada, Kitty? Pegue-a, mate-a, pega
ela, mata ela", escreveu Kurt em seu diário. Mas Kitty não conseguiu atacála,
e quando Kurt voltou com uma lata de desodorante em spray numa
tentativa de matar a aranha, ouviu um som de partir o coração e, quando
olhou para baixo, viu: Meu pé esquerdo [...] em cima da cabeças do meu
rato. Ele ficou saltando por ali guinchando e sangrando. Eu gritei "desculpe"
umas trinta vezes. Apanhei-o com uma cueca suja. Coloquei-o dentro de um
saco plástico, achei um pedaço de pau, levei-o para fora e lhe dei umas
cacetadas e o deixei de lado e pisei por todo o saco. Senti seus ossos e as
entranhas se esmagarem. Levou cerca de dois minutos para livrá-lo de sua
desgraça, e depois entrei na desgraça pelo resto da noite.
Obviamente eu não o amava bastante, como agora o amo. Voltei
para o quarto e observei as manchas de sangue e a aranha. Gritei para ela
"Vai se ferrar" e pensei em matá-la, mas deixei-a ali para que acabasse se
arrastando pelo meu rosto enquanto eu ficava a noite inteira deitado, sem
dormir.

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